COTIDIANO
O CD morreu! Quem compra CD é gente do século passado!
Publicado em 04/01/2017 às 6:26 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:47
Uma década atrás, conheci uma cantora contratada como backing vocal de uma importante banda brasileira. Conversamos nos bastidores de um show no Recife. Falamos do trabalho da banda, das melhores canções, e tive a curiosidade de perguntar o que ela achava dos discos do grupo. A resposta me surpreendeu:
Não conheço nenhum disco deles.
Claro! Simples assim! Ela é de uma geração que não dá valor a esse conceito. Disco - uma coleção de canções com começo, meio e fim, uma capa, um encarte para ser manuseado durante a audição.
A conversa com aquela moça foi, para mim, o primeiro indício forte da morte do CD.
Dez anos atrás, você entrava numa livraria como a Cultura do Paço Alfândega, no Recife Antigo, e a oferta de CDs era um deleite para o consumidor. Alguns milhares de títulos distribuídos por gêneros em seções que misturavam nacionais e importados, lançamentos e catálogo. A área destinada a jazz e clássicos era do tamanho de uma loja não tão pequena!
Hoje, as seções diminuíram, os títulos ficaram escassos, as prateleiras estão vazias. O consumidor pergunta pelo disco novo dos Rolling Stones, um dos lançamentos do final do ano, e a loja não tem o produto. Tive essa experiência, semanas atrás.
O CD morreu? Está morrendo? Vai ser substituído por esse revival do vinil?
Penso que nem CD, nem vinil! O disco como conceito, não importa o formato, é que parece condenado a um consumo cada vez mais restrito.
Não é só a transferência do físico para o mundo digital. O conteúdo que se baixa na Internet, os serviços de streaming aos quais se recorre. Não. O problema é o fim do conceito, é a mudança de hábito no ato de consumir música.
Ora, num tempo em que até a morte da canção está em pauta, por que não falaríamos da morte do disco?
Vou concluir com o que ouvi de um músico, meia dúzia de anos atrás, numa conversa descontraída de mesa de bar. Ele me disse:
Você é um homem do século passado!
Fiquei curioso. Quis saber o motivo. E ele explicou:
Você ainda compra discos!
Comentários