COTIDIANO
Morte de Marisa foi antecipada por redes sociais e parte da mídia
Publicado em 06/02/2017 às 7:04 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:46
Em setembro de 1995, numa sexta-feira, o jornal que o SBT tinha no fim da noite começou com a notícia da morte do governador da Paraíba, Antônio Mariz. Quem apresentava o jornal era o casal Eliakim Araújo e Leila Cordeiro.
A notícia não era verdadeira. Mariz ainda estava vivo. Seu estado era gravíssimo, mas a morte só ocorreu no início da noite do dia seguinte.
Naquela época, pouco mais de duas décadas atrás, isso era inaceitável. Um veículo de comunicação não podia "matar" uma pessoa que estava viva. Era tão imperdoável o erro que a gente ainda lembra, tantos anos depois.
Agora, não é mais. O erro foi banalizado. A notícia errada (nos veículos de comunicação ou nas redes sociais) é encarada como algo desimportante.
Acabamos de ver na morte de Dona Marisa Letícia.
O estado da mulher de Lula se agravou na tarde/noite da quarta-feira (01).
Na manhã da quinta-feira (02), ela já estava morta nas redes sociais e em alguns veículos de comunicação.
As informações corretas, no entanto, eram: quadro irreversível, ausência de fluxo cerebral, protocolo de morte cerebral não iniciado.
A morte só foi anunciada oficialmente no início da noite da sexta-feira (03). Horas antes, a equipe do Sírio cumpriu todo o protocolo de morte cerebral.
Faço o registro aqui porque sou de uma geração de jornalistas para a qual o tema (noticiar o que não ocorreu) era de suma importância.
Vimos que hoje não é mais.
(Ilustro o post com a bela foto de Ricardo Stuckert)
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