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COTIDIANO

Geraldo Vandré diz que ainda é a puta mais cara do Brasil. Artista volta aos palcos nesta quinta

Publicado em 21/03/2018 às 12:50 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:43

O compositor Geraldo Vandré está de volta ao palco.

Quinta (22) e sexta-feira (23), o músico será homenageado e participará de dois concertos da Orquestra Sinfônica da Paraíba na Sala Maestro José Siqueira, em João Pessoa.

Hoje (21) pela manhã, ele deu uma entrevista coletiva no palco onde ocorrerão as apresentações.

Foi um momento raro, incomum. E importante.

O homem (Geraldo) e o mito (Vandré) diante de um grupo de jornalistas, respondendo a tudo o que lhe foi perguntado.

Quando perguntei a Lau Siqueira sobre o valor do cachê que o governo está pagando a Vandré, o secretário de cultura tentou fugir da objetividade da pergunta que o jornalista faz em nome da transparência que deve guiar os governos.

Mas Vandré respondeu:

Ainda sou a puta mais cara do Brasil. 

Corte.

Lá fora, as pessoas cantam Caminhando, tristes porque não conseguiram os ingressos distribuídos gratuitamente no Espaço Cultural.

Geraldo age como o mito Vandré: baixa a cabeça, interrompe a coletiva e vai até elas. Todas muito emocionadas.

Na volta, Lau Siqueira responde que o artista está doando o cachê dele à Paraíba.

Uma pergunta crucial feita logo no início da coletiva: Vandré vai cantar?

A resposta dele: podemos fazer alguma coisa.

E cantou para seus entrevistadores. Foi um momento muito bonito. E forte.

Os temas do passado são inevitáveis. Agora misturados com os do Brasil turbulento de hoje, sobretudo quando a pergunta sai da boca de um jovem jornalista.

Antes de criticar a expressão canção de protesto:

Protesto é próprio de quem não tem poder e não sabe o que é poder. Quem tem poder exerce.

1968:

As Forças Armadas sabiam muito mais de mim do que eu mesmo. Por isso estou aqui. 

Esquerda e direita:

Atenção: às vezes eu troco de mãos. 

Legado:

A gente vai ver

Voto:

A última vez que votei foi no marechal Lott

Guitarras (ainda as guitarras):

O problema é a imagem da guitarra elétrica.

Quis ouvir a versão dele e perguntei: você disse a Gal Costa que Baby é uma merda?

Ele diz que sim e responde:

Já passou o tempo. Já secou. Saiu na urina. 

Deixei o Espaço Cultural pensando: acho melancólico que Geraldo Vandré não tenha retomado a carreira.

Não tenha se mantido em cena como fizeram seus contemporâneos.

Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo. Todos continuam ativos, 50 anos depois.

Nesse retorno, ao menos, Geraldo parece não estar negando Vandré.

Imagem

Silvio Osias

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