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QUAL A BOA?

BERGMAN 100 ANOS/Sueco não é chato nem difícil de se entender

Publicado em 09/07/2018 às 7:03 | Atualizado em 22/06/2023 às 13:08


				
					BERGMAN 100 ANOS/Sueco não é chato nem difícil de se entender

Comecei a ver Ingmar Bergman na adolescência, uns 45 anos atrás. Havia uma queixa entre muitos espectadores: os filmes eram chatos e de dificílima compreensão.

Um pouco depois, pedi socorro a Antônio Barreto Neto, meu guru da crítica cinematográfica.

A resposta dele foi simples: não é bem assim.

E vieram algumas explicações. O entendimento do cinema de Bergman depende da capacidade de percepção de cada espectador. Também do interesse pelos temas marcantes da obra do realizador. A linguagem é muito pessoal e diferente do que Hollywood legou ao mundo. As abordagens são densas, sim. Os textos, também. O amadurecimento e as experiências de vida de cada pessoa permitirão, se for do interesse delas, uma degustação cada vez mais apurada dos filmes de Bergman.

Aí Barreto veio com o dever de casa: dois livrinhos com os diálogos escritos pelo cineasta para seus filmes recentes. Um era Cenas de um Casamento Sueco (ainda havia o "sueco" no título). O outro, Face a Face. Eu devia ter uns 15, 16 anos. E era óbvio que faltava maturidade para a leitura. Mas fiz o dever sugerido pelo professor.

Gritos e Sussuros, que é um pouco anterior a essas conversas com Barreto, foi uma experiência assustadora. As irmãs naquela casa de campo, os tons vermelhos da fotografia e, principalmente, a dor e a morte como eu nunca havia visto no cinema.

Gritos e Sussurros, que Barreto definiu assim, num texto de 1975: "Súmula das virtudes expressivas e das inquietações existenciais do seu criador, o filme coloca-se entre as mais angustiadas e perturbadoras reflexões que o cinema já fez sobre a dor e suas ressonâncias nos labirintos secretos da natureza humana".

O que temos em Bergman é uma obra voltada para as questões cruciais da existência. Todos já disseram isso dele. Mas é isso mesmo. Vi aos 15, aos 30, aos 45. Vejo agora, beirando os 60. Cada vez é mais belo e doloroso. Cada vez é mais parecido com a vida real. Cada vez é menos chato e menos difícil de se entender. E mais perfeito como realização fílmica.

Bergman - sua contundente assinatura, suas obsessões. Seus textos. Sua experiência de palco transposta para a película. Seus atores e atrizes extraordinários. A vida, a morte, a religião (ou a ausência dela), o sexo, as dores do ser humano, a alma completamente desnudada. Penso que, fazendo cinema, ninguém foi tão longe quanto ele.

Neste sábado (14), celebra-se o centenário de nascimento de Ingmar Bergman. No Brasil, a distribuidora Versátil relançou toda sua filmografia em DVD. Vou rever sete dos seus filmes. Os que prefiro. Como sugestão aos leitores da coluna, postarei algo sobre cada um aqui, com pequenos comentários extraídos da autobiografia Lanterna Mágica.

Um dos grandes criadores do cinema, Bergman vive toda vez que revemos um dos seus filmes!

Imagem

Silvio Osias

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