COTIDIANO
Lula é muito grande, mas o Brasil é maior do que ele
Publicado em 23/07/2018 às 8:54 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:38
O ano era 1993.
Hospedado na casa de um deputado federal do PT de São Paulo, fui caminhar no Parque do Ibirapuera com o meu anfitrião.
A pergunta inevitável: por que o PT ajudou a derrubar o presidente Fernando Collor, mas não quis participar do governo de Itamar Franco, chegando ao ponto de punir Luiza Erundina quando esta aceitou um cargo no governo?
A resposta surpreendente: porque o projeto de poder do PT não é o Brasil, mas Lula, e Itamar atrapalha a sua concretização.
Ouvi com estranhamento, guardei e, de vez em quando, lembro da conversa.
Agora mesmo, em 2018, tenho lembrado bastante.
OK, Lula tem uma história extraordinária e fez um grande governo.
No caso do triplex, ele é inocente e está preso injustamente.
Mas o fato real é que o ex-presidente foi condenado em segunda instância por um colegiado e está inelegível pela lei da ficha limpa.
É aí que me vem a lembrança da conversa com o deputado petista.
A insistência do PT na manutenção da candidatura de Lula parece sugerir que o candidato e o partido se sobrepõem ao processo eleitoral, se colocam acima deste. Como se só a presença de Lula na sucessão presidencial conferisse legitimidade à eleição.
Lula livre? Sim.
Lula candidato? Não teremos.
Tenho ouvido de vozes do PT: Lula conseguirá manter a candidatura, será eleito e a bomba só vai estourar no momento da diplomação.
É isso o que queremos?
É disso que seremos reféns?
Qual será o custo?
A vitória da direita na ausência do campo progressista pragmaticamente organizado para a disputa?
Lula é muito grande, mas o Brasil é maior do que ele.
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