COTIDIANO
Mick Jagger faz 75 anos. O tempo não espera por ninguém
Publicado em 26/07/2018 às 7:58 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:38
No começo, 55 anos atrás, eram quatro músicos (duas guitarras, um baixo e uma bateria) acompanhando um rapaz magrinho que tinha um gestual incomum, mas ainda muito contido.
Faziam covers da música negra americana, logo substituídos por repertório autoral, e o cantor, que estava caligrafando sua assinatura, trocou qualquer traço de contenção por uma liberdade única, uma grande ousadia e um absoluto domínio do palco.
Estou falando, naturalmente, dos Rolling Stones e de Mick Jagger, que nesta quinta-feira (26) faz 75 anos.
Na década de 1960, os Beatles e os Rolling Stones eram pólos opostos de uma mesma cena.
Mas, ao contrário dos Beatles, os Rolling Stones puderam envelhecer juntos e ativos.
Brian Jones morreu. Mick Taylor passou pouco tempo. Bill Wyman deixou a banda. Ficaram Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood.
No estúdio, não fazem mais os grandes discos autorais do passado. No palco, são imbatíveis. Tão velhos quanto vigorosos. Sabem tudo do negócio multimilionário que comandam.
O show dos Rolling Stones é um ritual profano e politicamente incorreto que ainda exala muito do velho trinômio "sexo, drogas e rock and roll".
E Mick Jagger é um extraordinário artista do seu tempo. Um branco fazendo (muito bem) música de preto.
Sua melhor música - rock, blues, soul, country, pop vulgar - está no passado.
Sua performance atravessou as décadas. Está no presente.
O jovem Sinatra flutuava no palco. Elvis requebrava com as câmeras a enquadrá-lo da cintura para cima. Jagger rebola, mexendo livremente os braços, correndo de um lado para o outro. Masculino e feminino. Singularíssimo.
A passagem do tempo?
Jagger abordou assim:
Éramos jovens, belos e tolos. Agora, somos só tolos.
Poderia ter completado:
Tolos, velhos e ricos!
O tempo não espera por ninguém, mas tem estado ao lado de Mick Jagger.
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