COTIDIANO
A esquerda nunca gostou da tanga de Gabeira
Publicado em 14/08/2018 às 9:32 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:38
Precisamos escolher alguém para eleger, e não para derrubar no ano seguinte.
Na GloboNews, o candidato Jair Bolsonaro disse que ia dar um abraço hétero no jornalista Fernando Gabeira.
Foi o suficiente.
Gabeira teve que se explicar.
Que história é essa?
Recebendo abraço hétero de Bolsonaro?
Gabeira é Bolsonaro?
É de direita?
A explicação é simples: os dois foram colegas na Câmara, muitas vezes viajaram juntos do Rio para Brasília, de Brasília para o Rio. São cordiais um com o outro.
Nos debates, por exemplo, o espectador - se quiser - percebe que, para além das encenações, há cordialidade entre os adversários.
Essa história do abraço hétero de Bolsonaro me remeteu há quase quatro décadas. A gente entrevistando Gregório Bezerra em A União. Gregório, aquele ícone intocável, vindo do exílio, sentado num sofá. Nós todos, muito jovens, espalhados pelo chão, na sala do editor Agnaldo Almeida.
Veio a pergunta: o que o senhor acha de Gabeira?
Gregório titubeou, mas acabou chamando o ex-guerrilheiro de pederasta. Sem esconder a sua decepção. E se pôs a falar da União Soviética e seus milagres.
A esquerda nunca assimilou a autocrítica do Gabeira pós-exílio.
A velha esquerda, esquerda mesmo, é careta, preconceituosa.
Vou resumir assim: jamais gostou da tanga de Gabeira. Jamais aceitou a sua liberdade, o seu desejo de que a esquerda se atualizasse e pudesse dialogar com as transformações do mundo.
Gabeira era alvo fácil da esquerda de 1979/1980. Permanece sendo em 2018.
Uma pena. Se lessem o que escreve, seus críticos ganhariam algo, tenho certeza.
Do artigo em que respondeu aos que pensaram que ele é Bolsonaro, retirei uma frase muito interessante.
É com ela que fecho esse post:
"Precisamos escolher alguém para eleger, e não para derrubar no ano seguinte".
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