SILVIO OSIAS
A morte de Bernardo Bertolucci, Fascismo, fascistas, fascistoides
Publicado em 26/11/2018 às 9:55 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:37
O cineasta Bernardo Bertolucci morreu nesta segunda-feira (26).
Tinha 77 anos.
Nascido em 1941 e diretor desde o início dos anos 1960, era um mestre do cinema contemporâneo.
Fascismo.
Fascistas.
Fascistoides.
A morte de Bernardo Bertolucci coincide com um tempo em que essas palavras são largamente usadas no Brasil.
Pela esquerda para falar de ultradireitistas. Às vezes, nem tão ultra assim.
Vou usar fascistoides.
Claro que a extrema direita brasileira está cheia de fascistoides. Mas também há comportamento fascistoide na esquerda.
O ambiente que conduz ao Fascismo é o que se tem em O Conformista (foto), que Bertolucci realizou quando ainda não tinha 30 anos.
Para mim, o seu melhor filme.
O Último Tango em Paris é o mais polêmico e foi muito marcante para nós, brasileiros, porque passou quase uma década proibido pela Censura. Símbolo da ação da Censura durante o regime militar, também simbolizou o fim dessa ação tão danosa quando então foi liberado.
O Último Imperador fez muito sucesso porque, além de ser um grande filme, saiu da América cheio de estatuetas do Oscar. Incluindo as de Melhor Filme e Melhor Diretor.
Bernardo Bertolucci é o último de um vasto conjunto de extraordinários diretores de cinema que a Itália legou ao mundo. E era o mais jovem deles.
Filho de um poeta, assistente de direção de Pier Paolo Pasolini, era por natureza um esteta. Ou um burguês romântico - assim classificado por Jean Tulard em seu Dictionnaire du Cinéma.
Bernardo Bertolucci morreu no ano em que o mundo lembrou os 50 anos de 1968. Os Sonhadores, um dos seus derradeiros filmes, é uma revisão poética de maio de 68.
No mundo do politicamente correto, houve uma discussão recente sobre a cena de sexo anal não consentido de O Último Tango em Paris.
Que o artista e a sua obra se sobreponham a esse debate improdutivo.
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