COTIDIANO
Totonho vai da matriz centenária do samba até o funk carioca
Publicado em 23/01/2019 às 8:43 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:36
A alma anda roubando o alimento do corpo Tem mais igreja do que supermercado
As primeiras notas do cavaquinho e as batidas iniciais da percussão sugerem que vamos ouvir uma marcha-rancho.
Mas não é isso. Logo, o violão de sete cordas revela que estamos diante de um samba bem carioca.
Parece um samba de sempre com uma letra de hoje - se é que me faço entender.
"Ela é a rainha do sistema/Ela é ninja e a vibe é arengar" - canta Totonho na faixa de abertura do seu novo CD.
Samba Luzia Gorda é um disco de sambas? Sim e não.
Seria, então, um disco de transambas? Quem sabe?
Prefiro dizer que é um trabalho de muitas conexões.
Vem do vínculo estabelecido por esse cara que saiu da Paraíba e foi morar no Rio. Do diálogo dele com a música e os músicos de lá e da relação que estabeleceu com a cidade.
Samba Luzia Gorda flagra Totonho percorrendo um longo caminho que vai da matriz centenária do samba até o funk carioca.
Seu disco é sobretudo muito (muitíssimo!) contemporâneo.
O CD, que começa com um samba e termina com um funk, confirma mais uma vez o talento que Totonho exibe desde que apareceu, há uns 30 anos, naqueles festivais que o Sesc realizava em João Pessoa.
Ele é muito bom de música e de letra e sabe juntar os dois elementos.
Samba Luzia Gorda é um disco inteiro num tempo de poucos discos inteiros.
Você ouve todo. E gosta do todo. Das músicas, das letras incríveis, da concepção dos arranjos, de como os gêneros são abordados.
De Judialva. De O Samba. De A Carioca. De Minha Gatinha Não. De Tem Mais Igreja do que Supermercado. De Amassar a Lataria.
Totonho e Os Cabra.
Totonho e seus convidados (André Abujamra, Quinteto da Paraíba, Moreno Veloso, Otto, etc.).
Totonho no samba.
Totonho no funk.
Totonho onde ele quiser.
Ele diz o que é preciso dizer a quem ouve o que é bom de se ouvir.
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