COTIDIANO
55 anos do golpe militar de 64. Do Brasil, SOS ao Brasil
Publicado em 31/03/2019 às 7:21 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:35
Neste domingo (31), faz 55 anos que um golpe militar derrubou o presidente João Goulart.
Durante 21 anos, o Brasil viveu sob uma ditadura.
Houve prisões, cassações, exílios, tortura, assassinatos, desaparecimentos.
Houve fechamento do Congresso, censura à imprensa e à produção cultural, e perseguição a lideranças civis, estudantes, padres e bispos.
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O presidente Jair Bolsonaro quer reescrever a História. Nem é papel dele, nem ele teria capacidade intelectual para fazê-lo.
O que se tem hoje no Brasil é uma direita burra a exaltar a ignorância.
Bolsonaro mandou que as forças armadas comemorassem o 31 de março.
Depois, num recuo, disse que rememorassem.
O golpe militar e a ditadura que a este se seguiu foram muito comentados nos últimos dias.
O debate me levou a pensar nas canções da época.
Músicas que a gente ouviu com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Geraldo Vandré, Tom Jobim, Chico Buarque, Gonzaguinha, Paulinho da Viola, Ivan Lins, João Bosco, Luiz Melodia, Elis Regina, Sérgio Ricardo, Belchior, MPB4.
O que temos a seguir é um painel montado a partir de versos de 25 canções lançadas entre a segunda metade dos anos 1960 e o início da década de 1980.
Canções de guerra, de amor, de luta, de tristeza, de esperança.
Há muitas outras, mas escolhi essas:
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Vamos passear nos Estados Unidos do Brasil
Vamos passear escondidos
Vamos desfilar pela rua onde Mangueira passou
Vamos por debaixo das ruas
Morte vela sentinela sou
Do corpo desse meu irmão que já se foi
Revejo nessa hora tudo que aprendi
Memória não morrerá
Eu já fui até soldado
Hoje muito mais amado
Sou chofer de caminhão
Vou deitar à sombra de uma palmeira que já não há
Colher a flor que já não dá
E algum amor talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia
Esqueça que está desempregado
Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Meu amor eu não esqueço
Não se esqueça por favor
Que eu voltarei depressa
Tão logo a noite acabe
Tão logo esse tempo passe
Para beijar você
Um grande país eu espero
Espero do fundo da noite chegar
Sumir desse jeito não tem cabimento
Me conta quem foi, porque foi
E tudo que você passou
Preciso saber seu tormento
Preciso saber da aflição
Mas ovelha negra me desgarrei
O meu pastor não sabe que eu sei
Da arma oculta na sua mão
Tente usar a roupa que estou usando
Tente esquecer em que ano estamos
Arranje algum sangue, escreva num pano
Pérola negra, te amo, te amo
O Brazil não conhece o Brasil
O Brasil nunca foi ao Brazil
Minha fortaleza é de um silêncio infame
Bastando a si mesma
Retendo o derrame
A minha represa
Quem cala sobre teu corpo
Consente na tua morte
Talhada a ferro e fogo
Nas profundezas do corte
Ele, o artesão
Faz dentro dela a sua oficina
E ela, a tecelã
Vai fiar nas malhas do seu ventre
O homem de amanhã
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Gente lavando roupa
Amassando pão
Gente pobre arrancando a vida com a mão
No coração da mata gente quer prosseguir
Quer durar, quer crescer
Gente quer luzir
Não se incomode
Quando a gente pode, pode
O que a gente não pode, explodirá
A força é bruta
E a fonte da força é neutra
E de repente a gente poderá
Olha o vazio nas almas
Olha um violeiro de alma vazia
A voz resiste, a fala insiste, você me ouvirá
A voz resiste, a fala insiste, quem viver verá
E quando passarem a limpo
E quando cortarem os laços
E quando soltarem os cintos
Façam a festa por mim
A história é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue
Vejo uma trilha clara pro meu Brasil
Apesar da dor
Vertigem visionária que não carece
De seguidor
Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
Do Brasil,
SOS ao Brasil
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Marginália II/Enquanto seu lobo não vem/Sentinela/Ventania/Sabiá/Comportamento geral/Para um amor no Recife/Clube da esquina/Aparecida/Agnus sei/Pérola negra/Querelas do Brasil/Fortaleza/Menino/Primeiro de maio/Cálice/Gente/Realce/Calabouço/Não leve flores/Aos nossos filhos/Canção pela unidade latinoamericana/Nu com a minha música/Pesadelo/Querelas do Brasil.
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