COTIDIANO
Bete Mendes, atriz e ativista, faz 70 anos.
Publicado em 11/05/2019 às 9:50 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:35
Comecei o sábado (11) revendo Eles Não Usam Black Tie. Fazia tempo que não via.
A peça de Gianfrancesco Guarnieri é do final da década de 1950. Dos anos JK.
O filme de Leon Hirszman é do início da década de 1980. Dos estertores da ditadura militar.
Vinte e poucos anos separam um do outro.
Quando Hirszman filmou a peça de Guarnieri, o Brasil já vira as greves do ABC comandadas pelo jovem Lula.
O filme acabou sendo um retrato daquele momento histórico.
Mas as lutas nele inseridas atravessam o tempo, embora mudem de feição.
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Há muitos anos, estive com Bete Mendes nos bastidores de uma entrevista na TV Cabo Branco.
Conversamos sobre Black Tie e o cinema de Hirszman.
No filme, ela é Maria, a namorada grávida de Tião, que fura a greve e é posto para fora de casa pelo pai, Otávio, um dos líderes do movimento.
No teatro, Guarnieri era Tião. No cinema, Otávio.
Ao falar sobre a admiração que tenho por Bete, naquela conversa na TV Cabo Branco, não fiquei na ficção.
Fiz questão de ir para a vida real, mencionando a sua coragem ao denunciar, num evento diplomático durante o governo Sarney, o coronel Ustra, que a torturou quando foi presa pela ditadura no início dos anos 1970.
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Bete é assim.
Atriz e ativista.
Respeito muitíssimo as duas, que são uma só.
Bete conciliou os dois caminhos.
Fez dramaturgia sem nunca se afastar da militância política.
Chegou a ser deputada federal, foi constituinte.
Esteve em cena nas telenovelas e na vida política nacional.
Ficou sempre do lado das lutas democráticas. Nunca abriu mão disso.
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Neste sábado (11), Bete Mendes faz 70 anos.
Parabéns, Bete!
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