SILVIO OSIAS
Filme sobre Jackson cumpre seu papel se for visto pelos jovens
Publicado em 29/07/2019 às 7:39 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:40
O documentário Jackson, Na Batida do Pandeiro ficou pronto.
Do sonho à realidade, foram muitos anos.
Neste final de semana, dentro do festival que, em João Pessoa, celebrou o centenário do nascimento de Jackson do Pandeiro, o filme de Marcus Vilar e Cacá Teixeira chegou finalmente ao público.
O documentário começa e termina com a morte do artista.
A sua história é, portanto, contada através de um longo flashback. Funciona bem como elemento narrativo.
Não há voz em off fazendo a narração.
A trajetória de Jackson vai sendo montada através dele próprio e da extensa lista de pessoas que Marcus e Cacá entrevistaram para o filme.
Alagoa Grande, Campina Grande, João Pessoa, Recife, Rio de Janeiro, um pouco de São Paulo e, por fim, Brasília. Este caminho da vida de Jackson é o mesmo que o filme percorre quase sem fugir da cronologia dos fatos.
O documentário é didático sem ser didático.
Acho que Marcus Vilar o definiu assim.
Faz sentido.
Tem um papel didático a cumprir, mas sem a chatice dos filmes didáticos.
Jackson, Na Batida do Pandeiro tem a formação do personagem, a busca pelo sucesso, o auge da carreira, os anos de ostracismo, o resgate pelo Tropicalismo, as mulheres, os artistas que influenciou.
Traz tudo isso em cerca de 100 minutos.
Há depoimentos valiosos e números musicais arrebatadores.
Oferece um retrato expressivo desse grande artista genuinamente do povo.
Os que já passaram dos 50 anos - sobretudo esses - e têm Jackson como parte significativa da sua memória afetiva, certamente verão o filme com alguma nostalgia.
Nostalgia não só da música do homenageado, talvez do Brasil que produziu esses artistas.
Mas creio que o documentário será de fato importante e necessário se conseguir estabelecer algum diálogo com os jovens.
É preciso fazer coisas - o filme é uma delas - para que eles não passem ao largo do legado de Jackson do Pandeiro.
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