SILVIO OSIAS
Walter Franco era maldito, mas foi gravado pelo mainstream
Publicado em 25/10/2019 às 7:56 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:39
É um grito que se espalha É uma dor Canalha
Walter Franco morreu nesta quinta-feira (24) em São Paulo.
Tinha 74 anos e estava hospitalizado em estado grave desde que sofrera um AVC.
Na década de 1970, seu nome foi fortemente associado à vanguarda da música popular brasileira.
O rótulo de maldito deixou o músico à margem do mercado.
Ou foi o inverso: ganhou o rótulo porque não conseguiu se adaptar a algumas regras do mercado.
Na capa do disco que começa com Feito Gente, há duas menções aos Beatles: o próprio título do álbum (Revolver) e a imagem do artista, caminhando, vestido de branco, que remete ao John Lennon da capa de Abbey Road.
Walter Franco era maldito, mas não disse não aos festivais.
Presença importante, desafiadora, participou deles para difundir sua música de difícil assimilação pelo público médio.
Apesar de estar sempre à margem, foi gravado por nomes do mainstream:
Sua Feito Gente foi parar num LP de Wanderlea, que tentava fugir do estigma da Jovem Guarda.
Sua Me Deixe Mudo acabou gravada por Chico Buarque num disco em que o autor censurado dava lugar a um intérprete que provocava a Censura.
Às vezes penso que, sem Walter Franco, não teria havido Arrigo Barnabé.
Maldito?
Marginal?
Não importa.
Ele era um desses caras muito necessários.
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