SILVIO OSIAS
Conversa de Gil com Haddad mostra que nem todos calçam 40
Publicado em 14/11/2019 às 5:27 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:39
Amigos, Sons e Palavras é uma série exibida pelo Canal Brasil.
Está na segunda temporada.
É um programa de entrevistas comandado por Gilberto Gil.
O músico atua como entrevistador, mas não o entrevistador que nós, jornalistas, costumamos ser.
Ele não é mero perguntador. O que se vê sempre é uma conversa de Gil com os seus convidados.
O mais recente foi Fernando Haddad.
Os programas começam sempre com uma canção. Gil, sua voz, seu violão.
Para receber Haddad, pensei que seria O Fim da História, que o político disse ser sua música preferida.
Mas não. Foi Guerra Santa. É da segunda metade dos anos 1990, mas permanece muito atual.
"O nome de Deus pode ser Oxalá, Jeová, Tupã, Jesus, Maomé/Sons diferentes, sim, para sonhos iguais" - diz a letra.
A presença de Deus é o tema que abre o programa. Religião - da origem familiar do entrevistado - que vai desembocar em filosofia, direito e economia, as áreas de formação de Haddad.
A política vem depois. Da militância juvenil à disputa pela presidência.
A conversa de Gilberto Gil com Fernando Haddad aborda muitas questões. Uma das principais: a necessidade da política num instante em que tantos negam a política. A política como uma das atividades essenciais do homem.
Nem todos calçam 40. Nem todos são iguais. O parlamento que temos, os políticos que temos, é tudo representação do que somos.
Haddad é muito diferente de Bolsonaro. Diferente e muito melhor. Pode ser uma das conclusões desse episódio de Amigos, Sons e Palavras.
Outra conclusão está numa das falas de Gil. O grupo que hoje governa o Brasil não deve pegar ninguém de surpresa. O que se tem na prática foi posto na campanha. O Bolsonaro que governa é o Bolsonaro que vimos atuando por tantos anos na Câmara.
Mas a seta do tempo aponta sempre pra frente. Acho que Gil disse algo parecido numa entrevista recente. Ele e Haddad creem nisso. Pode ser outra conclusão do programa.
Fecho evocando Tom: que o Brasil continue a ser promessa de vida em nossos corações.
Comentários