SILVIO OSIAS
Let It Be foi lançada há 50 anos. É um clássico da canção popular
Publicado em 06/03/2020 às 8:09 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:38
Meu pai ouvia da Voz da América à Rádio Pequim. Da BBC de Londres à Rádio Central de Moscou.
Durante a ditadura, sabia-se mais do Brasil ouvindo essas emissoras do mundo que chegavam até nós com o som característico das ondas curtas.
Na BBC, tinha aquela transmissão diária das sete da noite.
Nas quintas-feiras, depois do noticiário, eu ouvia O Iê-Iê-Iê na BBC.
Sob o comando de Miguel Carlos, o programa de nome já anacrônico durava somente 20 minutos e trazia as novidades do pop/rock britânico.
Foi lá que fiz a primeira audição de Let It Be, o lado A do compacto que os Beatles tinham acabado de lançar.
Incrível!
Fui menino no tempo em que ouvíamos as novas canções dos Beatles.
Imaginam o que isso representa?
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O single Let It Be/You Know My Name foi lançado no dia seis de março de 1970.
Let It Be traz a assinatura John Lennon & Paul McCartney, mas a autoria é toda de Paul.
Já ouvi gente dizer que a "mãe Maria" da letra é a maconha.
Há quem diga que é Nossa Senhora.
Nem uma coisa nem outra.
A "mother Mary" é a mãe de McCartney, que morreu quando ele tinha apenas 14 anos.
A canção foi gravada em janeiro de 1969, quando os Beatles foram filmados para o projeto Get Back.
A ideia de mostrá-los na intimidade, meio de volta às origens, não deu certo. Resultou, mais de um ano depois, no álbum e no documentário Let It Be, retrato do fim do grupo.
Let It Be, a canção, foi segundo lugar nas paradas do Reino Unido. Primeiro nos Estados Unidos.
Tinha o piano e a voz de Paul McCartney.
Tinha o órgão de Billy Preston e o solo de guitarra de George Harrison.
E - claro! - a melodia irresistivelmente sedutora, do jeito que seu autor sabe escrever.
Let It Be é um clássico da canção popular.
É número obrigatório nos shows de Paul McCartney.
Quando ele canta, o público levanta as mãos e ilumina a arena com seus celulares.
A música atravessou meio século intacta.
Quando ela foi lançada, não imaginávamos que, 35 dias depois, o fim dos Beatles seria oficialmente anunciado.
Let It Be também evoca esse tempo.
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