SILVIO OSIAS
"Eu era cego, mas agora eu vejo", cantou Andrea Bocelli em Milão
Publicado em 13/04/2020 às 8:30 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:37
Esse estranho domingo de Páscoa de 2020 teve recital de Andrea Bocelli na catedral de Milão.
O tenor Bocelli, de 61 anos, canta como os cantores de ópera, mas, na verdade, é um astro pop.
Ele faz discos e shows em que leva fortes tradições da música italiana - o canto lírico, a ópera, a música sacra - para consumo não de degustadores, mas de principiantes ou, no máximo, ouvintes de gosto mediano.
Bocelli celebrou a Páscoa do ano da pandemia do novo coronavírus numa cidade devastada pela Covid-19.
A belíssima catedral vazia.
A imensa praça vazia.
As imagens das cidades italianas.
As imagens de Paris, Londres e Nova York, representando o mundo desse momento trágico.
Foi triste e bonito.
Teve arte e sentimento de humanidade.
Voz e órgão.
Panis Angelicus, Ave Maria, Sancta Maria.
No final, Amazing Grace, com o artista fora da catedral, diante da praça, foi um instante de singularíssima beleza.
Andrea Bocelli é cego.
A letra diz: "Eu era cego, mas agora eu vejo".
Como se nós todos, isolados e temendo a morte, enxergássemos por ele.
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