SILVIO OSIAS
Wills Leal morreu. Paraíba perde um genuíno agitador cultural
Publicado em 07/05/2020 às 7:00 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:36
O jornalista, crítico de cinema e escritor Wills Leal morreu na madrugada desta quinta-feira (07) aos 83 anos.
Ele teve uma parada cardiorrespiratória.
O corpo será cremado, mas antes haverá um velório restrito aos familiares.
*****
Quando penso em Wills, só vejo nele a figura de um grande ativista cultural.
Imprescindível à Paraíba há umas seis décadas.
Podemos associar o seu nome a muitas facetas desse ativismo.
Cinema, turismo, carnaval, clubes, academias.
Fico com o cinema por uma questão de afinidade.
O cineclubismo, a crítica, a ACCP, os livros, a incrível performance nos debates.
A Academia Paraibana de Cinema, que não existiria sem Wills.
E esses dois volumes incríveis sobre o cinema na/da Paraíba.
Mas tem outras coisas, às vezes menos mencionadas, como, por exemplo, a aventura do amor atonal.
Ou o diálogo Paraíba/Pernambuco, construído com seu amigo Jomard Muniz de Britto.
Até a sua casa, no bairro de Manaíra, demolida uns anos atrás.
Tradição + transgressão: é o resumo que tenho dela.
Lembro de Wills muito jovem na casa de Geraldo Carvalho, em Jaguaribe. Eu, criança, levado pelo meu pai. Mas nossas conversas começaram um pouco depois. Ali pelo início dos anos 1970, quando, adolescente, eu queria ser crítico de cinema.
Àquela época, Wills ainda não tinha 40 anos.
O tempo passou, ele foi envelhecendo, mas prosseguiu em cena como genuíno agitador cultural.
Nunca abriu mão desse papel.
Seu ativismo, tão necessário, permaneceu jovem.
Comentários