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POLÍTICA

Um Biden empolgado e uma Kamala empoderada na bela festa da vitória democrata

Publicado em 08/11/2020 às 7:24 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:54


				
					Um Biden empolgado e uma Kamala empoderada na bela festa da vitória democrata

Acompanho as eleições americanas desde 1972, quando Richard Nixon conquistou seu segundo mandato, aquele que não terminaria por causa do escândalo de Watergate.

Na vitória de Joe Biden, neste sábado (07), sentimos falta do reconhecimento da derrota por parte do presidente Donald Trump, que deveria anteceder o discurso do vencedor.

Trump quebrou essa tradição. Ao reconhecer a derrota, o perdedor encerrava a campanha e abria caminho para o vitorioso. Era um gesto muito significativo e confirmador da solidez da democracia americana.

Mas a birra de Trump não impediu nem tirou o brilho da festa de Biden. Antes do seu discurso, veio o de Kamala Harris, que será a primeira mulher e a primeira negra na vice-presidência dos Estados Unidos.

No palco, o que vimos foi uma Kamala empoderada. Filha de imigrantes (pai jamaicano, mãe indiana), ela não continha o júbilo e o orgulho que havia na conquista.

Ciência. Verdade. A menção a essas duas palavras podem resumir o seu discurso. É necessário recuperá-las, tão negadas que têm sido pelos populistas de ultradireita que conquistaram o poder.

Mas foi bonito também ouvi-la falar nas meninas de hoje, que, amanhã, como mulheres do futuro, mostrarão ao mundo que Kamala foi a primeira, mas não será a última.

Um Joe Biden empolgado subiu ao palco depois do discurso da vice. Sua fala foi de tom conciliador. De quem sabe o quão difícil será governar um país fraturado. Disse que é hora de cicatrizar a América.

Houve, sim, o chamado ao diálogo com quem nele não votou. Mas também o seu firme e necessário compromisso com uma pauta afinada com o processo civilizatório, com os avanços da contemporaneidade e seus inadiáveis desafios.

Biden falou a democratas e republicanos, a brancos e negros, homens e mulheres, índios e gays. Ouvi o discurso pensando em algo que li há três dias nas redes sociais: "Os dois são ruins", dizia o post. Não são. Os dois são diferentes. Biden é muito melhor do que Trump. Dizer que os dois são ruins desqualifica e demoniza a política, quando, na verdade, o que é imprescindível é a sua recuperação.

Donald Trump vai espernear. Será um comportamento compatível com o despreparo para o cargo que ocupa. Mas duvido que consiga macular a vitória robusta de Joe Biden. Como duvido que obtenha êxito ao questionar a lisura do processo eleitoral num país com instituições sólidas como os Estados Unidos.

Joe Biden é o presidente eleito e ponto final. Sua campanha e sua vitória deixam lições para o mundo. 75 milhões de americanos, pragmaticamente, entenderam a necessidade de elegê-lo. Nós, brasileiros, devemos pensar nisso quando 2022 chegar.

Imagem

Silvio Osias

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