SILVIO OSIAS
All Things Must Pass, o melhor disco de George Harrison, chega íntegro aos 50 anos
Publicado em 26/11/2020 às 6:37 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:54
All Things Must Pass foi lançado há 50 anos.
Eram três discos de vinil acondicionados numa caixa dura semelhante àquelas caixas que continham LPs de música clássica.
O álbum marcava a estreia fonográfica de George Harrison depois da separação dos Beatles.
O conteúdo impressionou tanto pela quantidade quanto pela qualidade.
Os dois primeiros discos reuniam canções.
Algumas - ou muitas - que o músico não conseguira gravar com o quarteto, escanteado por John Lennon, Paul McCartney ou pelo produtor George Martin.
O terceiro trazia uma jam session de George com os músicos que o acompanharam nas gravações.
De vez em quando, volto a All Things Must Pass.
Resistiu muito bem à ação do tempo nessas décadas que nos separam do seu lançamento.
Foi remasterizado mais de uma vez e teve, em 2000, uma reedição que o próprio Harrison supervisionou, um ano antes de morrer consumido pelo câncer.
O maior sucesso do repertório - My Sweet Lord - é sua única mácula. Por este hit de fundo religioso, o beatle sofreu uma condenação. Teria plagiado He's So Fine, que o grupo The Chiffons gravara sete anos antes.
O episódio, com o qual o artista brincou mais tarde ao compor This Song, não atingiu a beleza do álbum nem fez menor o amor dos fãs por My Sweet Lord, esta balada irresistível.
I'd Have You Anytime, uma parceria George Harrison/Bob Dylan abre o programa. Mais na frente, George faz, ao seu modo, o Dylan de If NotFor You.
Wah-Wah, Awaiting On You All e Beware of Darkness remetem ao histórico concerto para Bangladesh.
Isn't It a Pity, lado B do single My Sweet Lord, aparece em duas versões. Na melhor (a primeira), a guitarra chora gentilmente nas mãos de Harrison.
Lançada em single, What Is Life fez muito sucesso. A outra face do compacto, Apple Scruffs, foi dedicada às garotas que ficavam na porta dos estúdios de Abbey Road, enquanto os Beatles gravavam lá dentro. Uma delas, a brasileira Lizzie Bravo.
E I Dig Love? E Art of Dying? Esse álbum tem muito o que ouvir, mas, para mim, nada supera a faixa All Things Must Pass.
Todas as coisas devem passar - diz o título do álbum e da canção.
Meio século se passou. E cá estamos nós a falar de George e suas músicas tão impregnadas de melancolia.
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