POLÍTICA
Quando resolverem conter Bolsonaro, poderá ser muito tarde para a democracia
Publicado em 07/01/2021 às 10:08 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53
Elio Gaspari, esse grande jornalista brasileiro, em artigo na Folha, nos preparou para - palavras dele - o maior espetáculo da Terra em Washington.
Quem leu Gaspari não se surpreendeu com a invasão do congresso americano por um bando de extremistas incitados pelo presidente Donald Trump.
O episódio fez desta quarta-feira (06) um daqueles dias que a gente guarda na memória, para não esquecer mais.
O maior espetáculo da Terra em Washington foi triste porque maculou a solidez das instituições americanas, pondo a longeva democracia dos Estados Unidos sob ataque, como reconheceu o presidente eleito Joe Biden.
De tão sólidas que são, as instituições americanas toleraram o intolerável desde o momento em que Trump começou a se insinuar como possível candidato do Partido Republicano.
Toleraram na campanha que o levou à Casa Branca, seguiram tolerando nos quatro anos do seu mandato e ainda o fazem nesses poucos dias que nos separam da posse de Biden.
O maior espetáculo da Terra em Washington deixa grandes e profundas lições para os Estados Unidos, suas instituições e sua democracia.
Deixa também para nós, brasileiros, e para nossas instituições nem tão sólidas assim.
O então deputado Jair Bolsonaro homenageou um torturador ao votar pela admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Pareceu um tributo normal, nada aconteceu.
Candidato à presidência, Bolsonaro atentou diversas vezes contra os valores democráticos, sob o olhar complacente dos que nele votariam, das instituições e da mídia.
Presidente, prossegue na sua jornada de desconstrução do país e ataques à democracia.
Como nos Estados Unidos de Trump, no Brasil de Bolsonaro o presidente é tolerado quando pratica o intolerável.
Em 2022, poderemos ter, entre nós, um remake do que vimos em Washington no dia em que o parlamento ratificaria a eleição de Joe Biden. Basta que Bolsonaro não seja reeleito e dê início à narrativa de que a eleição foi fraudada.
Já passou da hora de conter Bolsonaro.
Quando vamos entender?
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