SILVIO OSIAS
Joan Baez faz 80 anos. Musa da canção de protesto da década de 1960 não abriu mão dos sonhos
Publicado em 10/01/2021 às 6:49 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53
Joan Baez fez 80 anos neste sábado (09).
Musa da protest song na América da década de 1960, ela já era famosa quando Bob Dylan começou a se projetar nacionalmente, em 1963. Foi sua intérprete e também namorada.
Soprano, impostava (ainda o faz) a voz, aproximando seu canto das intérpretes líricas.
Nesse sentido, era, portanto, uma cantora "antiga" numa época de grandes novidades. Mas o repertório estava perfeitamente afinado com as ideias mais generosas do seu tempo e da sua geração.
Seus melhores discos são os que lançou no selo Vanguard. No começo, somente voz e violão.
Mais tarde, passou a ser acompanhada por outros músicos e abandonou a sonoridade exclusivamente acústica.
Gravou lindamente a quinta Bachiana, de Villa-Lobos. Também as nossas Muié Rendeira e Manhã de Carnaval.
Dedicou um disco inteiro ao repertório das Américas Central e do Sul, cantando de Guantanamera a Gracias a la Vida.
Baez marchou sobre Washington com Luther King, em 1963, e estava ao lado do reverendo quando ele fez o discurso do "eu tenho um sonho".
Cantou em Woodstock, em 1969, grávida e com o marido preso como desertor.
Foi um momento sublime da sua longa trajetória - seis décadas em que percorreu o mundo dividindo com suas plateias os sonhos dos quais nunca abriu mão.
Em Woodstock, sob luz púrpura, rosa e azul e cantando à capela, ela fez o spiritual Swing Low, Sweet Chariot.
Chovia fino, e saía vapor da sua boca.
O canto de Joan Baez soou como uma oração. Em seguida, a multidão adormeceu, comovida e em paz.
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