SILVIO OSIAS
O Recife está de luto. A Covid-19 matou Tarcísio Pereira, o cara que fundou a Livro 7
Publicado em 26/01/2021 às 13:05 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53
Este era Tarcísio Pereira (Foto: reprodução).
E esta era a Livro 7 (Foto: reprodução).
Anos 1970.
Quando adolescente, eu adorava ir escondido ao Recife.
Saía cedo e voltava no início da noite. Podia ter passado o dia no colégio.
Que nada. Pegava o ônibus da Bonfim e corria em busca do que João Pessoa nem sempre me oferecia.
Havia os cinemas do centro. Veneza, São Luiz, Moderno, Art Palácio, Trianon. Todos a exibir filmes que demoravam a chegar às casas exibidoras aqui de João Pessoa.
Havia muitas lojas de discos, em cada rua, em cada esquina.
E havia a Livro 7.
Na Sete de Setembro, entre a Conde da Boa Vista e o Parque 13 de Maio.
Que encanto.
Um galpão enorme com milhares e milhares de livros, espalhados em expositores ao alcance das nossas mãos.
Era um misto de livraria com biblioteca.
E era um ponto de encontro dos que gostavam de livros, de cinema, de música, de teatro, de artes plásticas, de política, de carnaval.
Um sábado na Livro 7.
Ah!, um sábado na livro 7.
Sabem aquelas coisas que não têm preço?
E havia Tarcísio. Tarcísio Pereira.
O fundador, o dono, o livreiro. Uma grande figura a nos receber.
Claro que não vou esquecer da pequena - mas sortida e diferenciada - Disco 7, que ficava ao lado.
Nesta terça-feira (26), recebemos a notícia de que a Covid-19 (ou suas consequências) matou Tarcísio Pereira.
Ele tinha 73 anos e lutava pela vida no Hospital Português.
O Recife está de luto.
Nós, que frequentamos a Livro 7 (também sua filial em João Pessoa), estamos de luto.
Fecho com o que o cineasta Kleber Mendonça postou nas redes sociais:
"Tem gente que tem a capacidade de melhorar uma cidade. Tarcísio fez isso".
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