QUAL A BOA?
Carta Capital resgata o cartaz de Terra em Transe em sua capa
Publicado em 07/03/2021 às 7:58 | Atualizado em 22/06/2023 às 12:50
Este é o cartaz do filme Terra em Transe.
E esta é a capa da revista Carta Capital.
Com o Brasil em transe, em sua edição desta semana, a revista resgatou o cartaz do filme de Glauber Rocha, lançado em 1967.
Segue algo que escrevi nos 50 anos de Terra em Transe, quatro anos atrás:
Isto é o povo! Um imbecil! Um analfabeto! Um despolitizado!
A fala do personagem de Jardel Filho ecoa desde 1967.
Para mim, o nosso maior e mais instigante filme político é Terra em Transe.
O Brasil continua muito parecido com o Eldorado de Glauber Rocha.
Unidos em Glauber, o gênio do construtor e o mito do demolidor gestaram um filme que fala das nossas questões cruciais. Falava em 1967. Continua falando agora.
Esquerda, direita, populismo, messianismo, o papel dos intelectuais, o povo, a desigualdade, o autoritarismo, o nosso destino enquanto Nação.
Terra em Transe, se tudo isso fosse pouco, ainda é absolutamente arrebatador como delírio estético. Não é à toa que tem a admiração de Martin Scorsese.
A questão é que, para muitos, o filme de Glauber Rocha é tosco. Hermético. Incompreensível.
Quase ninguém quer enfrentá-lo.
Mas o problema pode ser o empobrecimento intelectual das nossas plateias. A ausência de uma crítica como a que se tinha na época em que o filme foi lançado. A falta de um ambiente propício a esse tipo de cinema.
Em 2001, tentei reunir amigos para uma sessão caseira de 2001: Uma Odisseia no Espaço. Achei que seria o máximo ver o filme de Stanley Kubrick em pleno ano de 2001. Um deles me disse assim: não passaremos da sequência dos macacos. Ninguém topou.
Que tal, então, vermos Terra em Transe agora, com o Brasil mergulhado num dos seus grandes impasses políticos?
Acho difícil que alguém queira nesses tempos de tanta superficialidade.
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