SILVIO OSIAS
RC80/Falam mal de Roberto Carlos, mas o cara tem uma expressiva discografia. Escolhi 16 títulos
Publicado em 14/04/2021 às 7:45 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:52
Roberto Carlos faz 80 anos na próxima segunda-feira (19).
Nesta quarta-feira (14), a coluna escolhe e comenta brevemente os melhores discos do Rei.
É Proibido Fumar (1964)
A Jovem Guarda ainda não existia, mas Roberto Carlos já começava a se transformar num nome nacional. Tem O Calhambeque, versão assinada por Erasmo Carlos, e É Proibido Fumar, da dupla Roberto e Erasmo. Nasci para Chorar pode entrar para a lista dos números muito bons, mas pouco lembrados, do repertório de Roberto Carlos.
Jovem Guarda (1965)
Quero que Vá Tudo pro Inferno, faixa que abre o disco, colocou Roberto Carlos no topo de todas as paradas brasileiras. Aos 24 anos, ele começava, como ídolo da juventude, a conquistar um espaço que o transformaria num dos maiores nomes da nossa música popular. O repertório traz ainda Lobo Mau, Coimbra e Mexerico da Candinha.
Roberto Carlos (1966)
A capa preta com a foto do artista lembra a de With The Beatles. O repertório é cheio de sucessos: Eu Te Darei o Céu, Nossa Canção, Querem Acabar Comigo, Esqueça, Negro Gato, Namoradinha de um Amigo Meu, É Papo Firme. Roberto iniciava uma série de discos com vários hits, algo que não existe mais no mercado fonográfico.
Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1967)
O disco com as músicas do filme dirigido por Roberto Farias. Roberto Carlos ainda é um artista jovem, mas dá os primeiros sinais de amadurecimento, como na canção Como É Grande o Meu Amor por Você. Os metais mexem com a sonoridade da banda. Entre os hits, Eu Sou Terrível, Por Isso Corro Demais, Quando e Por Isso Estou Aqui.
O Inimitável Roberto Carlos (1968)
O êxito de um novo cantor, Paulo Sérgio, cuja voz lembrava remotamente a de Roberto Carlos, foi responsável pelo inimitável do título. Bobagem. Àquela altura, não havia mais volta na relação profunda de Roberto Carlos com o público brasileiro. As Canções que Você Fez pra Mim é destaque no repertório. A influência da soul music é nítida.
Roberto Carlos (1969)
Quando o disco foi lançado, no fim de 1969, Roberto Carlos já estava associado aos nossos natais. Novamente voltado para o soul, ele canta As Flores do Jardim da Nossa Casa, As Curvas da Estrada de Santos e Sua Estupidez. Não Vou Ficar é de Tim Maia e está no filme O Diamante Cor de Rosa, o segundo que tem RC como protagonista.
Roberto Carlos (1970)
O maior sucesso do disco foi Jesus Cristo, que inaugurou a longa série de canções de inspiração religiosa de Roberto Carlos. Uma Palavra Amiga e O Astronauta estão na lista das grandes canções pouco lembradas do repertório do Rei. Meu Pequeno Cachoeiro, de Raul Sampaio, é um emocionado tributo à cidade onde RC nasceu.
Roberto Carlos (1971)
Para muita gente, o melhor disco de Roberto Carlos. Marca o ingresso na maturidade. Detalhes, a faixa que abre o repertório, é, talvez, a sua melhor canção. Em Como Dois e Dois, ele é intérprete do Caetano Veloso exilado. Em Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos, homenageia Caetano, mas o público não sabe. Tem ainda Amada Amante.
Roberto Carlos (1972)
O disco traz A Montanha, da série de canções religiosas, e Como Vai Você, até hoje um grande sucesso do repertório de Roberto Carlos. À Distância apareceria, pouco depois, no filme Violência e Paixão, de Luchino Visconti. Em Acalanto, temos a única vez em que o Rei interpretou Dorival Caymmi. O Divã é do grupo de canções confessionais.
Roberto Carlos (1973)
Jesus Cristo é a canção religiosa mais popular de Roberto Carlos, mas O Homem talvez seja a mais bonita. O arranjo lembra as gravações de George Harrison logo após o fim dos Beatles. O disco traz também Proposta, uma das melhores entre as baladas erótico-sentimentais da década de 1970. Em Atitudes, Roberto ainda é soul.
Roberto Carlos (1975)
Dez anos depois, Roberto Carlos regrava Quero que Vá Tudo pro Inferno, que acabou banida do seu repertório. O disco traz os sucessos Olha e Além do Horizonte. O intérprete brilha em Mucuripe, de Fagner e Belchior, gravada antes por Elis Regina. Em El Humahuaqueño, Roberto dialoga com a música latino-americana.
Roberto Carlos (1977)
A homenagem surpresa ao parceiro, Erasmo Carlos, em Amigo abre o disco que está entre os mais vendidos e os melhores que gravou. Um repertório cheio de grandes sucessos: Falando Sério, Muito Romântico, Cavalgada, Jovens Tardes de Domingo, Outra Vez. Solamente una Vez mostra Roberto interpretando Agustín Lara.
Roberto Carlos (1981)
O disco tem o Roberto Carlos religioso (no rock Ele Está pra Chegar) e o engajado nas causas ecológicas (na balada As Baleias). Tem também o erótico que marcou tanto a década de 1970 (Tudo Para, Cama e Mesa). Mas o melhor do repertório é o autorretrato que nos oferece em Emoções. Há muitos anos, a música que usa para abrir seus shows.
Acústico (2001)
Como seu ídolo, Tony Bennett, Roberto Carlos também se rendeu aos especiais acústicos da MTV. E fez um programa primoroso, nunca exibido por causa do seu contrato de exclusividade com a Globo, mas transformado em CD e DVD. As canções ganharam arranjos modernos num repertório que percorre toda a carreira do Rei.
A Música de Tom Jobim (2008)
Ninguém acreditava que fosse possível. Nem o empresário de Roberto Carlos. O Rei e Caetano Veloso juntos, interpretando Tom nos 50 anos da Bossa Nova. O show virou CD e DVD. Foi a primeira vez em que RC dividiu um disco com outro artista. Bom que tenha sido com Caetano, que enxerga nele regiões profundas do ser do Brasil.
Primera Fila (2015)
Álbum produzido para o mercado de língua espanhola, mas lançado também numa versão para o Brasil. Gravado em Abbey Road, o célebre estúdio dos Beatles, em Londres. Roberto Carlos canta hits ao vivo diante de uma pequena plateia de convidados. Não atua com sua banda, mas com excepcionais músicos arregimentados para a gravação.
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