SILVIO OSIAS
Tem gente orando (ou rezando) para que Deus leve Paulo Gustavo. Isso não é comportamento cristão
Publicado em 16/04/2021 às 10:04 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:52
O nosso tecido social está completamente esgarçado.
Levaremos muitos anos para sair dessa.
O Brasil está acompanhando a doença do ator e humorista Paulo Gustavo.
Ele está hospitalizado há mais de um mês e intubado há mais de duas semanas por causa da Covid-19.
Seu estado é crítico, e uma espécie de pulmão artificial é que garante a sua respiração.
Paulo Gustavo é muito talentoso e levou multidões aos cinemas para ver seus filmes.
Ele é casado com o médico Thales Bretas, e o casal tem dois filhos pequenos.
Paulo e Thales vivem num tempo em que, felizmente, relações homoafetivas como a deles já superaram muitos obstáculos.
Mas não todos.
Nas redes sociais, vi manifestações inacreditáveis.
Evangélicos orando e católicos rezando para que Deus leve Paulo Gustavo porque, em resumo, ele é gay e casado com outro homem.
Essas pessoas não leram os quatro evangelhos. Se leram, não entenderam nada. Eu li e digo isso com tranquilidade. Ultimamente, aliás, ando relendo na tradução que Frederico Lourenço fez direto do Grego, editada no Brasil pela Companhia Das Letras.
Um verdadeiro cristão não pode se comportar como esses que oram (rezam) pela morte de Paulo Gustavo. A morte como um castigo por sua homossexualidade.
Leiam os quatro evangelhos (prefiro o de Mateus, talvez por causa do belo filme de Pier Paolo Pasolini) e sigam o caminho de Jesus.
Penso que ele não condenaria Paulo Gustavo.
Pelo contrário. O ator teria a sua bênção.
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