SILVIO OSIAS
Será que Hermann Hesse resistiu ao tempo? Nos anos 1970, era leitura obrigatória dos freaks
Publicado em 31/05/2021 às 10:03 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:51
Hoje, tem underground de boutique. Não sei se há Hermann Hesse nas estantes. Não sei nem se há mais estantes.
Na minha juventude, anos 1970, conheci e frequentei ambientes do verdadeiro underground.
Freaks. "A lot of freaks" - como diz Arlo Guthie, pra lá de chapado, numa cena de Woodstock.
Freaks. Malucos. Ler Hesse era obrigatório.
Li na adolescência, avisado pelo meu pai de que não tinha maturidade, mas que tudo bem.
Debaixo das Rodas, Demian, Sidarta, O Lobo da Estepe, O Jogo das Contas de Vidro, Viagem ao Oriente.
Li esses. Tá bom, não?
O Lobo da Estepe, no original em alemão, é Der Steppenwolf.
O nome da banda vem daí. Steppenwolf nos brinda logo no início de Easy Rider com dois números (The Pusher e Born To Be Wild).
Eu e a moça da livraria que leu o livro fizemos essas associações numa conversa rápida e interessante.
Faz décadas que não leio Hesse.
E perguntaria, a quem entende de literatura, se o texto dele resistiu ao tempo.
Tem aquelas coisas eternas. Tem aquelas que, mais que eternas, crescem à medida em que o tempo vai passando.
Machado de Assis me diz isso. Hesse, mesmo sem a releitura, só com a lembrança remota, parece dizer o inverso.
Comprei Sidarta, talvez mais para ter do que para reler. Era uma edição tão linda, um objeto de capa dourada.
Mas vou tentar reler. É curtinho, é de facílima leitura.
Quero ver se esse cara que nos disse coisas tão importantes cinco décadas atrás ainda tem algo a dizer.
Ou se virou uma referência nostálgica de uma época em que havia, por aqui, "a lot of freaks".
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