SILVIO OSIAS
Alceu Valença faz 75 anos como um dos grandes nomes da música brasileira
Publicado em 01/07/2021 às 6:41 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:51
Alceu Valença faz 75 anos nesta quinta-feira (01).
Abri a coluna com esta velha foto em preto e branco pelo valor afetivo que ela tem - me permitam os leitores da coluna.
O cabeludo do lado esquerdo é Alceu.
O garoto com um enorme gravador nas mãos sou eu, na minha primeira entrevista.
Em abril de 1975, época da foto, Alceu ainda não tinha 29 anos. Eu ia fazer 16.
O artista fazia a turnê Vou Danado Pra Catende, registrada, em 1976, no disco Vivo!.
A receita de Alceu não era nova: música nordestina + influência do rock que vinha dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Os tropicalistas já haviam feito na segunda metade da década de 1960.
Só que havia nele uma assinatura de originalidade.
Na presença das coisas de Pernambuco, nas letras, no modo de cantar, na vigorosa performance ao vivo.
Estávamos, já ali, em 1975, diante de um artista que surgia para ser grande e para fazer ainda maior a música popular do Nordeste.
E é assim que, neste primeiro dia do mês de julho de 2021, Alceu Valença completa 75 anos.
Escolhi seis discos de Alceu Valença.
Não são, necessariamente, os melhores.
É uma escolha bem pessoal.
A NOITE DO ESPANTALHO
De 1974. Trilha-sonora do filme homônimo, dirigido por Sérgio Ricardo, também autor de todas as músicas. Alceu atua no filme (ao lado do seu conterrâneo e parceiro Geraldo Azevedo) e é o principal intérprete da trilha.
VIVO!
De 1976. O disco traz o registro, tecnicamente precário, mas historicamente muito importante, do show que projetou Alceu na cena musical dos anos 1970. Tem as presenças de Lula Cortes e do ainda desconhecido Zé Ramalho.
CORAÇÃO BOBO
De 1980. Disco que encaminha Alceu para o seu momento de maior sucesso comercial. Tem Na Primeira Manhã e deliciosas releituras de Luiz Gonzaga. A faixa-título era, originalmente, um dueto com Jackson do Pandeiro
CAVALO DE PAU
De 1982. Com esse disco, Alceu conquista, afinal, o grande público. É muito executado nas emissoras de rádio e lota as casas onde se apresenta. No repertório, de apenas oito faixas, Pelas Ruas que Andei e Morena Tropicana.
ESTAÇÃO DA LUZ
De 1985. Disco maduro de um músico consolidado, artística e comercialmente. O hit Estação da Luz, adornado por belas cordas, puxa o repertório. A cidade de Olinda, onde Alceu mora, é homenageada nos versos do artista.
AMIGO DA ARTE
De 2014. Frevo, maracatu, ciranda. O músico revisita o que lhe é caro, como se olhasse de longe para seu próprio trabalho. O espírito carnavalesco, em vários frevos, domina o repertório. O dueto com a portuguesa Carminho é comovente.
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