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POLÍTICA

NÃO VAI TER GOLPE!

Publicado em 12/07/2021 às 7:09 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:50

As tropas do general Mourão seguiram de Minas para o Rio.

O presidente João Goulart voou para o Rio Grande do Sul.

O senador Auro de Moura Andrade declarou vaga a presidência da República, enquanto Tancredo Neves gritava na sua frente: "Canalhas, canalhas!".

Brizola propôs a resistência. Jango disse não. Queria evitar derramamento de sangue e partiu para o Uruguai.

"Caiu como um castelo de cartas", disse anos depois o general Muricy, um dos golpistas.

Foi assim o golpe de 64.

Havia um ambiente favorável.

Para os militares e a direita civil, a ameaça do comunismo era real naquele mundo dividido entre Estados Unidos e União Soviética.

Hoje, há Estados Unidos e China, uma espécie de capitalismo de Estado.

Comunistas no Brasil? Só na cabeça de malucos (são muitos) como o presidente Jair Bolsonaro.

Como seria, então, o (auto) golpe de Bolsonaro?

Ele fecharia o Congresso e o Supremo. Mas fecharia como? Com quem?

Ocuparia os grandes veículos de comunicação, impondo-lhes rigorosa censura.

Tomaria o horário do Jornal Nacional para fazer um grave pronunciamento à Nação.

Mandaria depor os governadores de oposição.

Prenderia as lideranças da oposição e um monte de artistas.

Formaria sua tropa com homens do Exército e das polícias militares que lhe fossem leais, além de milicianos.

Suspenderia as eleições de 2022 ou faria de um modo que lhe assegurasse a vitória.

Seria transformado num Maduro de direita.

É sabido que muita gente quer isso para o Brasil, mas Bolsonaro tem como transformar seu sonho em realidade?

Duvido, duvido muito, porém as instituições que garantem a manutenção da democracia precisam cortar suas asas.

Em 2016, chamaram de golpe a deposição da presidente Dilma Rousseff. Golpe parlamentar, pode ser. Mas golpe, golpe mesmo, é outra coisa. É como se viu no Chile de Allende, em 1973. Ou no Brasil de Jango, em 1964.

Em 2013, quando houve aquelas grandes manifestações de rua, era comum, nas redes sociais, a gente ler "não vai ter Copa". Uma menção à Copa do Mundo que se realizaria no Brasil, no ano seguinte.

Pois, agora, dá pra dizer: "Não vai ter golpe".

A Copa, houve. Mas o golpe, ficará nos devaneios do presidente.

Imagem

Silvio Osias

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