SILVIO OSIAS
João Vicente não é O Leãozinho, de Caetano. O Leãozinho é Dadi
Publicado em 21/07/2021 às 6:29 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:49
Li, fiquei surpreso e quis contar pra vocês aqui na coluna.
Quando o jornalista Tarso de Castro morreu, no início dos anos 1990, seu filho, o hoje ator João Vicente de Castro, morou algum tempo na casa de Caetano Veloso.
Caetano tinha um filho bebê, Zeca, e botava o menino pra dormir cantando e tocando violão.
Uma das músicas cantadas era O Leãozinho, que costuma agradar às crianças talvez porque pareça uma canção feita pra elas.
João Vicente, que também adormecia - que privilégio! - ouvindo a voz e o violão de Caetano, cresceu acreditando que O Leãozinho havia sido feita pra ele.
Muitos anos depois, ao contar a amigos que ele era o leãozinho da canção de Caetano, alguém disse que não e perguntou o ano em que João Vicente nasceu.
O ator respondeu: 1983.
E o amigo esclareceu: O Leãozinho é uma canção dos anos 1970.
De fato. É uma das faixas do álbum Bicho, lançado em 1977.
O leãozinho da música é o músico Dadi Carvalho, que tinha 25 anos quando foi homenageado por Caetano.
Os dois - Caetano e Dadi - são leoninos e grandes amigos. O primeiro, de sete de agosto. O segundo, de 16.
Baixista e guitarrista, Dadi tocou nos Novos Baianos, na Cor do Som, integrou, nos anos 1970, uma das melhores bandas de Jorge Ben, foi do Barão Vermelho, e, em palcos e estúdios, acompanhou Caetano Veloso, Marisa Monte, Erasmo Carlos e uma interminável lista de grandes artistas brasileiros.
Dadi, esse leonino talentoso e bonito que inspirou Caetano a compor O Leãozinho, fará 69 anos no próximo mês de agosto.
A canção que Caetano fez pra ele está no mesmo álbum onde ouvimos Odara, Gente, Um Índio e Tigresa.
À época em que foi lançado, o disco era muito criticado pelas patrulhas ideológicas sobretudo por causa da faixa Odara. O convite à dança era, para boa parte da esquerda, sinônimo de alienação.
Noutra faixa, Gente, está o verso que nunca perdeu sua beleza poética nem sua atualidade:
"Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome".
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