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POLÍTICA

Ex-aliados de Dilma e oposição só jogaram terra na cova que o próprio PT cavou

Oposição não ganhou no campo e resolveu buscar mecanismos para vencer em um julgamento jurídico-político.

Publicado em 12/05/2016 às 8:08

É uma vitória no tapetão. Não há como negar. A oposição não ganhou no campo e resolveu buscar mecanismos para vencer em um julgamento jurídico-político. É fato. Desde que a presidente Dilma foi reeleita, oposicionistas liderados pelo senador tucano Aécio Neves, derrotado nas urnas, procuram um jeito de aniquilar o governo petista. Tentou recontagem de votos, contestou no TSE, procurou crimes no primeiro mandato, que não se encaixavam na lei do impeachment.

Durante a garimpagem por crimes e problemas, o país estava parando. Primeiro, por causa das medidas tomadas pelo governo no ano da eleição, feitas para ganhar a disputa. A ressaca foi dura, com necessidade de aumentar combustível, energia, cortar o tamanho dos programas sociais e recursos para obras. Nesse cenário, a oposição tinha naturalmente motivos para não deixar o governo seguir em frente e foi para cima. Com receio que a estabilidade desse sobrevida e até um fortalecimento do PT, para um possível retorno de Lula.

O PMDB fez a verdadeira oposição

Verdade seja dita, o PSDB, o DEM, o SD não passariam de partidos perdedores choramingando, se não fossem erros do próprio Planalto, entre eles, a incapacidade de agraciar uma base sedenta por afagos. Afagos, infelizmente, institucionalizados por um sistema político que exige o toma lá dá cá para ter apoio, força. Para aprovar matérias. Entre os inimigos próximos, o PMDB, sem dúvida, foi o mais feroz. Usou e abusou do governo e, com a conveniência peculiar, abandonou a parceira. Mais tarde o PP fez o mesmo e outras legendas seguiram o caminho. Vale lembrar que eles também são responsáveis pelo "caos" econômico do país. Fizeram parte do governo e estavam na cozinha.

Mas é fato que até para ganhar no tapetão é preciso ter motivo. E se não tem “o motivo”, a lembrança de como foi a temporada inteira, com muitos fracassos, dão aquele empurrão. O governo petista cavou a própria cova. Ainda lá atrás, com Lula, que tinha uma popularidade surpreendente, com economia em crescimento, e não fez as reformas de base essenciais para o país: tributária, previdenciária, trabalhista. Talvez antipopulares num curto prazo. Mas com efeitos importantes em médio e longo prazos.

Os petistas erraram na mão

E se no governo petista foi possível investigar, com órgão autônomos, foi no mesmo governo que esquemas de corrupção, que já existia com muita força, ganharam uma sistemática surpreendente. Erraram na mão, passaram da conta. Muitos petistas de raiz, envergonhados com colegas, admitem isso. Foram longe de mais na tentativa de dominar o Estado brasileiro e se manter no poder pelo tempo que fosse.

Os avanços sociais inegáveis, com muitos méritos e algumas falhas, não foram suficientes para sustentar o projeto de poder. O governo Lula cumpriu um papel importante, com ações essenciais de combate a pobreza, de ampliação do acesso à educação, de melhoria de renda, entre outras. Mas Dilma e sua equipe perderam o bonde. Não foram sensíveis às mudanças provocadas por esses avanços, a necessidade de fiscalização, novas ações para um novo cenário internacional, político. Não percebeu o esgotamento de um modelo que foi bom quando não se tinha nada.

O governo Dilma foi ruim



Mas não deu para viver de legado. Dilma foi muito ruim. Se politicamente não conseguiu fazer uma base confiável, seus programas de incentivo ao consumo foram fugazes e tão descartáveis quanto os produtos que compramos com a redução de impostos da linha branca. O carro foi comprado sem IPI, mas o preço do combustível, represado, arruinou nossas contas. Os bancos financiaram muitas casas e apartamentos, mas o preço da energia, represado, chegou para desestruturar nossos orçamentos. Os bancos perderam capacidade de liberar crédito, o juros está lá em cima.

A matemática errada, que não equilibrou despesas e receitas, afetou duramente programas que na sua essência são muito bons: Fies, Pronatec, ProUne. Obras importantes do Pac I e II pararam, obras nas universidades, que cresceram muito, estão entregues ao tempo. Óbvio que muitos ainda sobrevivem bem, como o Mais Médicos. Enfim, o que tinha de bom ficou ou está comprometido por uma sequência de erros.

Conjunto da obra foi o motivo

No fundo, a maior parte do povo brasileiro não considera Dilma uma corrupta. Talvez incompetente. Para os que estão longe da politicagem, dos interesses partidários e pela briga de poder, o afastamento de Dilma, por 180 dias e talvez definitivamente, não é por causa de pedaladas fiscais ou assinaturas de créditos suplementares sem autorização do Legislativo. O problema é que está difícil fechar as contas, o desemprego aumentou e a perspectiva é nebulosa.

Além das questões econômicas, a Lava Jato e o envolvimento de petistas de peso nos esquemas de corrupção incendiaram mais ainda o discurso 'antipetista'. Óbvio que outros partidos, inclusive o PMDB, que vai assumir o governo, estão atolados nas denúncias de corrupção, mas, neste momento, o PT é a vidraça. Agora, esperamos, que os olhos atentos se voltem para o novo governo, que também esta contaminado pelos velhos vícios e que tem, por enquanto, apenas é o aval para tentar aprovar medidas emergenciais da economia. O chamado "governo de salvação" é um velho governo, com nomes conhecidos. Vai precisar provar que a vitória no tapetão, legal e apoiada por parte da população, não foi uma jogada para apenas tirar o PT do poder. A sociedade está atenta.

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Jornal da Paraíba

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