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CONVERSA POLÍTICA

Ataque a Chico César: o racismo impregnado na fala, nos atos, nas desculpas

Repercussão mostrou que a maioria não aceita e não quer mais silenciar diante do crime travestido de opinião, liberdade de expressão ou de "brincadeira".

Publicado em 17/11/2021 às 15:47 | Atualizado em 17/11/2021 às 16:39


                                        
                                            Ataque a Chico César: o racismo impregnado na fala, nos atos, nas desculpas
Sandy regravou música de Chico César para abertura de 'Amor Perfeito'.

				
					Ataque a Chico César: o racismo impregnado na fala, nos atos, nas desculpas
Foto: Rede Social. Sandy regravou música de Chico César para abertura de 'Amor Perfeito'.

É aquele tipo de comentário racista, do racismo estrutural brasileiro, com tom de que "não vai dar em nada", "ninguém vai se importar" ou "vão até concordar".

Mas a repercussão negativa e a reação contrária obrigou o racista ter que se desculpar. Mas vai precisar mais que isso, se o processo for adiante.

O alvo deste vez foi o cantor Chico César em um programa de rádio na cidade do Conde, aqui no Litoral Sul.

A transmissão era ao vivo na internet e o apresentador do semanário 'Fala Conde' citou Chico e se referiu ao artista em tom pejorativo, com termos como “neguinho” e “praga”.

O crime de racismo foi cometido por Byra de Jacumã.  Na conversa, falava sobre carnaval e mencionou Chico César como “aquele neguinho que tocava violão nu” que teria mudado o foco da festividade.

A repercussão colocou o comunicador na parede. Byra foi às redes sociais se desculpar com o cantor e disse o que todos falam para se justificar: que não tinha intenções de ofender ninguém com base na raça, visto que, "enquanto homem negro, também sofre racismo". A mesma conversa de sempre.

Chico, não gostar das suas músicas não me dá o direito de agir assim contra você. Por isso peço desculpas pela insanidade que dias atrás fiz contigo, até porque já sinto isso na pele desde que nasci, publicou o apresentador.

De fato, Byra e outros tantos racistas precisam entender que a opinião e a liberdade de expressão acabam quando ultrapassa a linha do crime. Nesse caso, crime de racismo, explícito, em uma concessão de rádio.

Uma denúncia sobre o caso foi aberta junto ao Ministério Público Federal, mas para proteger o denunciante, o caso está sob sigilo.

Ao G1 Paraíba, a assessoria do cantor Chico César afirmou que ele prefere não se manifestar já que as imagens falam por si só. Chico agradeceu, ainda, o carinho e a preocupação do público que saiu em sua defesa contra o ato de racismo.

Felizmente,  hoje, há mais gente que condena o ato do que aplaude, mesmo com todo racismo entranhado em atos, fala, língua, nas supostas brincadeiras que perpassam gerações.

Os que agem e pensam como o comunicador do Conde, preto ou branco, deveriam ter vergonha. Agora, não poderão apenas pedir desculpas.

Repercussão mostrou que a maioria não aceita e não quer mais silenciar diante do crime travestido de "eu não queria dizer isso".

Imagem ilustrativa da imagem Ataque a Chico César: o racismo impregnado na fala, nos atos, nas desculpas

Angélica Nunes Laerte Cerqueira

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