SILVIO OSIAS
Vacinar era uma coisa normal. Deixou de ser no Brasil de Bolsonaro
Publicado em 12/01/2022 às 10:10
Albert Sabin nasceu na Polônia, numa família de judeus, mas viveu nos Estados Unidos, onde estudou medicina. Como pesquisador, desenvolveu a vacina contra a poliomielite - essa gotinha que a gente conhece tão bem. Eu ainda era criança quando meu pai me ensinou que o Dr. Sabin fez um bem imenso à humanidade.
A lembrança mais remota que tenho de uma vacina é justamente a da gotinha. Primeira metade da década de 1960. O posto de vacinação era no Grupo Escolar Santo Antônio, perto da nossa casa, no bairro de Jaguaribe. Fui levado por minha mãe. A gotinha tinha nome: Vacina Sabin.
Depois, lembro daquela pistola que assustava as crianças. Também tomei. Não lembro quando nem o motivo. Provavelmente, para prevenir a varíola.
Da adolescência, tenho a lembrança da campanha nacional de vacinação contra a meningite. Foi em 1975. Houve um surto da doença, a ditadura militar tentou esconder, mas acabou cedendo às evidências.
Fui vacinado contra a meningite no Instituto Dom Adauto, onde fizera meu curso primário. A fila se estendia por muitos quarteirões, mas andava rápido. Eram milhares de pessoas.
Já adulto e à frente da redação da TV Cabo Branco, atuei na cobertura de muitas campanhas de vacinação ou multivacinação. A famosa gotinha, o personagem Zé Gotinha, os pais, as crianças, as autoridades da área de saúde, o prefeito, o governador, as entradas ao vivo, as nossas matérias, o balanço no final do dia.
Vacinar era uma coisa normal. Esse texto é somente para dizer isso. Que vacinar era uma coisa normal. E que, hoje, o Brasil tem um presidente que é contra a vacina em meio a uma pandemia que já matou mais de 600 mil brasileiros. E, ainda, que há um gado imenso a segui-lo em sua obsessão pela doença e pela morte. Até quando?
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