VIDA URBANA
Falta computador nas escolas da PB
Projeto "Um Computador por Aluno" ainda não funciona na Paraíba e estudantes sofrem para cumprir as tarefas do colégio.
Publicado em 22/04/2012 às 12:00
Toda vez que a professora pede um trabalho escolar, Camila (nome fictício), 10, fica preocupada. Sem computador e internet em casa, ela precisa recorrer a lan houses. Mas esse não é o único problema. Muitas vezes, a mãe de Camila não tem dinheiro para que a filha vá duas, três e até quatro vezes por semana acessar a internet. O valor pode parecer insignificante, mas não é, sobretudo quando as condições financeiras da família não são das melhores.
Os gastos com internet também existem na casa de Vanessa (fictício), 10. O sonho dela é ganhar um computador, mas os pais disseram que ela terá de esperar um pouco, “até as coisas melhorarem”. Enquanto isso, Vanessa precisa de R$2 para pagar uma hora de acesso à internet na lan house. O tempo é curto para quem tem de transcrever as informações da tela do computador para as folhas de ofício. “É muito ruim, fica complicado. O tempo passa muito rápido, e nem sempre consigo copiar todo o assunto”, comentou.
Em uma das vezes, a mãe de Vanessa, que tem mais três filhos em idade escolar, não teve dinheiro para que a filha fosse à lan house. A conse- quência disso foi uma nota zero no trabalho de Língua Portuguesa. “Nesse dia a minha mãe não tinha dinheiro.
Ela ficou muito triste porque não teve como me ajudar, e eu levei uma bronca da professora”, contou. Muito estudiosa, Vanessa conseguiu recuperar a nota nas avaliações seguintes.
Todo transtorno e preocupação nas famílias de Camila e Vanessa poderiam ser evitados, caso o projeto Um Computador por Aluno (UCA), do governo federal, funcionasse na Paraíba.
Em julho de 2010, escolas municipais e estaduais receberam 4.662 computadores para a execução do projeto, que, como o próprio nome diz, pretende disponibilizar um computador por aluno.
As duas crianças, Camila e Vanessa, fazem o 4° ano do ensino fundamental na Escola Estadual Botto de Menezes, no Jardim Treze de Maio, em João Pessoa. Segundo o Ministério da Educação (MEC), a unidade recebeu 393 computadores. Em outubro de 2010, a escola foi arrombada e parte dos laptops foi furtada. O restante dos equipamentos foi devolvido à Secretaria de Educação do Estado. De acordo com o diretor da escola, Robinson Tavares, os computadores nunca foram utilizados pelos alunos. A instalação elétrica que deveria ter sido concluída no segundo semestre de 2010, só ficou pronta em janeiro passado.
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