COMUNIDADE
Obra na Quadra de Manaíra: entenda proposta da Semob e o que dizem moradores
Reforma, segundo a Semob, tem como objetivo melhorar a mobilidade de veículos no local, mas a população que mora na área discorda e chegou a fazer um protesto na manhã desta quinta-feira (10).
Publicado em 10/03/2022 às 14:27
Uma obra na Quadra de Manaíra está gerando divergências entre moradores e a Secretaria de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob-JP), responsável pela construção. A reforma, segundo a Semob, tem como objetivo melhorar a mobilidade de veículos no local, mas a população que mora na área discorda e chegou a fazer um protesto na manhã desta quinta-feira (10).
A obra deve abrir as vias que ficam no entorno da quadra para a circulação de veículos. De acordo com os moradores, o local é utilizado para prática de atividades físicas e para lazer e discordam da derrubada de árvores. Eles relataram que as obras na quadra começaram sem a finalização da reunião da consulta popular com a Semob, na manhã desta quinta-feira (10).
Em entrevista ao JPB1, uma moradora da área, Larissa Targino, afirmou que os representantes solicitaram os laudos técnicos para entender a obra. "Pedimos os laudos técnicos para entender que mobilidade urbanba é essa que eles falam. Por que eles estão pensando na mobilidade de carros e não da gente", disse. A mulher que mora no local há 39 anos ressaltou também que o entorno também faz parte da quadra e é "onde a convivência das pessoas acontece".
Outra moradora do bairro, Jéssica Lucena, que também é pesquisadora em mobilidade sustentável, conversou com o g1 e disse que a obra vai em direção oposta ao convívio social e priorização de áreas verdes. “A intervenção vai na contramão de tudo o que vem sendo feito atualmente em termos de modelos de cidade, que priorizam áreas de circulação, convívio social, áreas verdes, parques e praças”, lamentou.
No começo da tarde desta quinta-feira (10), o Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Paraúba (CAU-PB) publicou uma nota de repúdio. O conselho cita a Política Nacional de Mobilidade Urbana, instituída pela Lei nº 12.587, que define que toda obra desse tipo deve priorizar pedestres e ciclistas. Além disso, citou também o Instituto da Cidade (Lei nº 10.257) que estabelece que qualquer intervenção urbana precisa ser feita em diálogo com a população local.
NOTA DE REPÚDIO
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Paraíba (CAU/PB) repudia veementemente a abertura das ruas no entorno da Quadra de Manaíra para o trânsito, proposta pela SEMOB-JP, por meio da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP). [+] pic.twitter.com/LzPOZwq0k6 — CAU/PB (@caupboficial) March 10, 2022
A conselheira federal do Cau/PB, Camila Leal, ressalta ainda a importância de espaços públicos de convivência, como a praça, diante da pandemia. "Ainda estamos enfrentando uma pandemia na qual a valorização dos espaços públicos [...] tornou-se mais urgente e necessária. É lamentável ver que a prefeitura ignorar a importância da Quadra de Manaíra na dinâmica do bairro", escreveu.
Adaptações no projeto da Quadra de Manaíra
Após reunião com representantes do bairro, foram instauradas algumas adaptações na obra. Além da abertura do trecho das Avenidas Cajazeiras e Manoel Morais para implantação de trânsito calmo, terá também a preservação de espaços compartilhados entre pedestres e veículos em velocidade máxima permitida de 30km/h. A construção também incluirá a revitalização das áreas de práticas de lazer e esportes com mais iluminação, pintura e equipamentos, além da ampliação dos espaços verdes.
De acordo com George Morais, superintendente da Semob-JP, o diálogo foi priorizado pela gestão municipal. “Nos colocamos à disposição, nos reunimos por três vezes, e apesar das discordâncias à aceitação dos projetos, precisamos assegurar o interesse público maior. Por isso, há determinação para início imediato dos serviços, após aprovação do prefeito Cicero Lucena”, explicou o superintendente.
Conforme a Semob, o projeto contará com balizadores para assegurar os espaços para pedestres; velocidade máxima para veículos de 30km/h; paisagismo com áreas verdes e colocação de novas plantas; permanência do anfiteatro para espaço de vivência; e revitalização do bicicletário.
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