SILVIO OSIAS
Eu e minha avó entramos para a biografia de Roberto Carlos. Só que o autor troca a Paraíba pelo Ceará
Publicado em 21/03/2022 às 9:43
Um curioso telefonema de uma amiga na manhã de domingo: "Silvio, você é do Ceará?". Respondo que não e quero saber o motivo da pergunta. Ela explica: "Estou lendo a biografia de Roberto Carlos, e há um jornalista Sílvio Osias citado, só que é do Ceará". Peço que leia o que está escrito, ela lê, e não tenho dúvidas. O autor trocou a Paraíba pelo Ceará, mas o Sílvio Osias citado aí sou eu mesmo, e essa história, quem viveu fui eu.
O livro é o volume 1 de Outra Vez, de Paulo Cesar de Araújo, lançado no final de 2021. Paulo Cesar é o cara que escreveu aquela biografia que Roberto Carlos, pela via judicial, conseguiu retirar do mercado. Depois, fez O Réu e O Rei, que conta a briga na Justiça. E agora, depois que o Supremo liberou as biografias não autorizadas, está de volta com Outra Vez.
Na página 366, Paulo César está falando da repercussão de Quero Que Vá Tudo Pro Inferno, um dos maiores sucessos da carreira de Roberto Carlos. O texto diz o seguinte: "A repercussão ia das ruas ao interior das casas, nas reuniões de família. O jornalista Sílvio Osias, que tinha 7 anos e morava no interior do Ceará, recorda: 'Nos sábados, eu e meus primos fazíamos shows para a nossa avó. Católica fervorosa, ela permitia a inclusão da música no repertório, desde que a palavra inferno fosse omitida'."
Segue Paulo César: "Naquele ano, a cantora Clementina de Jesus, recém erigida a ícone do samba de raiz, se revelaria simpática a Roberto Carlos e à turma da Jovem Guarda. 'A época é deles e eu aprovo e até admito as cabeleiras', fazendo apenas uma restrição: 'Não gosto muito é do final daquela música mandando tudo para o inferno'. O curioso é que Clementina e a avó de Osias antecipavam, em muitos anos, o incômodo que o próprio Roberto Carlos expressaria em relação a esse tema".
Essa história dos "shows" que eu e meus primos fazíamos para a minha avó Stella, faz parte das mais caras lembranças que tenho da infância, bem como a "censura" que Vovó impôs à música. Já contei o episódio aqui nesta coluna do Jornal da Paraíba.
Se eu conseguisse falar com Paulo César de Araújo, diria a ele que sou da Paraíba e não do Ceará. Mas diria ainda que fiquei honrado com o fato de que, junto com a minha querida avó, acabei entrando para a biografia do Rei.
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