VIDA URBANA
AVC mata três vezes mais que Aids e alcoolismo
Com 1.339 ocorrências, capital lidera mortes por AVC no Estado.
Publicado em 29/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 10/01/2024 às 16:14
Entre os anos de 2006 a 2013, foram registrados, na Paraíba, 10.615 óbitos provocados por Acidente Vascular Cerebral (AVC).
De acordo com os dados, divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), o maior número de mortes pela doença ocorre em João Pessoa, onde 1.339 pessoas morreram no período, seguida por Campina Grande, com 961 óbitos. O município de Patos aparece em terceiro lugar, com 457 mortes registradas nos sete referidos anos.
A quantidade de mortes causadas por AVC é 3,8 vezes superior ao total de óbitos provocados, no mesmo período, por Aids (1.367) e alcoolismo (1.415). Os dados são do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) da SES.
Os números são considerados altos pelo neurologista Josenilton Carlos Henriques, uma vez que o AVC, popularmente conhecido como derrame cerebral, pode ser evitado com cuidados simples, como o controle da pressão arterial e do índice de vitamina K no organismo, responsável pela coagulação sanguínea, bem como os casos de traumatismos.
Segundo o médico, o AVC é dividido em dois diferentes tipos: o Acidente Vascular Isquêmico e o Hemorrágico. “O Isquêmico é caracterizado pela obstrução de qualquer das artérias que irrigam o cérebro, seja por trombose ou embolia. Esse tipo acomete, em sua maioria pessoas com idades acima dos 40 anos, com histórico de diabetes e colesterol elevado na família e agravado pelo consumo de álcool e cigarros”, explicou.
Já o AVC Hemorrágico decorre da ruptura do vaso, em geral provocado pela hipertensão arterial, problemas na coagulação sanguínea e traumatismos cranianos, sendo passível de ocorrer em pessoas de todas as idades e com maior taxa de mortalidade. As causas para o desenvolvimento da doença estão diretamente associadas aos fatores de risco que são, hipertensão arterial, colesterol elevado, fumo, diabetes, ingestão constante de álcool, vida sedentária, estresse e excesso de peso.
O vigilante Carlos Alberto da Nóbrega, de 44 anos, se encaixa em alguns dos fatores de risco apresentados pelo neurologista, em especial devido ao consumo de bebida alcoólica, à ausência de cuidados com a saúde, uma vez que sua última visita ao médico foi há mais de 2 anos, e o sedentarismo.
“Não tenho medo de sofrer desse mal, porque não sinto dor nenhuma, jogo futebol uma vez por semana, e não deixo de beber nem um dia sequer. Sei que como minha mãe e minha avó desenvolveram diabetes eu corro esse risco, mas não há o que fazer”, afirmou.
Para o neurologista Josenilton Carlos Henriques, o vigilante está bem propenso a desenvolver essa doença se não mudar seus hábitos. “De fato nenhuma doença se instala de imediato, a não ser em casos de acidentes e agressões. Ainda que o vigilante não desenvolva o AVC, pode, em decorrência do elevado nível de álcool que ingere sofrer uma simples queda e ocasionar um traumatismo, rompendo um vaso. Pela agressividade do teor alcoólico da bebida que ele ingere, certamente o fígado está comprometido e com isso a coagulação de sangue. Isso já seria o suficiente para ocasionar nele danos severos, uma vez que dos 10% que conseguem sobreviver a um incidente de AVC hemorrágico, ficam com sequelas”, revelou.
Para identificar os sinais de problemas na coagulação sanguínea basta observar com atenção o surgimento de pequenas hemorragias nos dentes, no nariz e manchas roxas na pele. Já para tratar o AVC, o neurologista esclarece que é necessária a utilização de medicação por toda a vida após o incidente, incluindo remédios para controle da pressão arterial.
“Além disso, nos casos de sequelas, a fisioterapia é indispensável mesmo após a recuperação total, isso porque o dano a um tecido nervoso é irreversível, ele não se regenera. A pessoa pode recuperar os movimentos, mas se parar o tratamento, tanto o medicamentoso quanto o fisioterápico, certamente voltará a sentir os males da doença”, concluiu Josenilton Carlos Henriques. (Colaborou Nathielle Ferreira)
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