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SILVIO OSIAS

Nos extremos, os políticos detestam o jornalismo. Nas redações, também há quem deteste jornalismo e veículos

Publicado em 06/04/2022 às 11:42 | Atualizado em 06/04/2022 às 12:49


                                        
                                            Nos extremos, os políticos detestam o jornalismo. Nas redações, também há quem deteste jornalismo e veículos

				
					Nos extremos, os políticos detestam o jornalismo. Nas redações, também há quem deteste jornalismo e veículos

Nesta quinta-feira, sete de abril, será comemorado o Dia do Jornalista. Há dois anos, publiquei um texto a propósito da data. Hoje, faço as devidas atualizações. Talvez, com um pouco mais de serenidade.

Vou fazer 63 anos em junho. Aos 15, em outubro de 1974, comecei a publicar meus primeiros textos, conduzido pelo grande crítico de cinema Antônio Barreto Neto.

Saímos - Barreto e eu - numa rural da Secretaria de Divulgação e Turismo em direção ao velho Correio da Paraíba de Teotônio Neto, que ficava na Barão do Triunfo, e, lá, fui entregue ao editor, Jurandy Moura, homem culto que transitava entre o jornalismo, o cinema e a literatura.

A União da segunda metade da década de 1970 e início da de 1980. A TV Cabo Branco nos seus primeiros 20 anos. A essência do que sou como jornalista, com algumas virtudes e muitos defeitos, vem dessas duas experiências. Antônio Barreto Neto, Agnaldo Almeida, Gonzaga Rodrigues - mestres em A União. Erialdo Pereira - mestre na TV Cabo Branco.

Quando penso nos jornalistas e nos veículos de comunicação, penso também nos que estão na cena política. A ultradireita e muitos dos que atuam no outro extremo da luta política se parecem muito nas críticas duras e quase sempre improcedentes à imprensa. Não entendem o quanto nossa frágil democracia precisa do jornalismo profissional e dos grandes veículos de comunicação. Assim mesmo, do jeito que são.

Já ultrapassei o limiar da velhice, mas ainda conservo algo (quase nada) de romântico em relação ao ofício que escolhi. Talvez por causa dos mestres que tive, da simplicidade deles, da capacidade que tinham de acolher os jovens que chegavam. Dos valores que me ensinaram.

Mas o restinho desse romantismo se desmancha diante do amanhã. Depois do terremoto digital e das transformações pelas quais profissões e mercado estão passando, o que ficará para os jovens jornalistas - os garotos e garotas a quem caberá comandar as redações? O que eles próprios pensam sobre o ofício e sobre as redações onde trabalham? Qual a opinião deles sobre a chamada grande mídia?

No terreno pessoal, o jornalista que há dentro de mim não tem mais ilusões. Apenas contempla a luta insana por espaço, a vaidade sem tamanho dos que botam a cara no vídeo, o exercício tolo do poder, a falta de consciência de que as coisas - na vida e no trabalho - valem muito menos do que parecem valer.

O jornalismo me deu muitas alegrias, mas também muitas tristezas. A alegria pelo sucesso de uma cobertura importante, bem planejada e bem realizada. A tristeza de ser cotidianamente violentado pela linha editorial de um veículo onde você, por sobrevivência, passou um tempo.

Imagem ilustrativa da imagem Nos extremos, os políticos detestam o jornalismo. Nas redações, também há quem deteste jornalismo e veículos

Silvio Osias

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