CONVERSA POLÍTICA
Como mais de 10 toneladas de alimentos pagas com dinheiro público estragaram em cooperativa de João Pessoa?
Os alimentos foram apreendidos pela Vigilância Sanitária de João Pessoa, na Empasa, no Cristo, nesta quarta-feira (6), durante a Operação 5764, que apura supostos desvios de recursos destinados à alimentação de famílias carentes.
Publicado em 06/04/2022 às 13:42 | Atualizado em 06/04/2022 às 17:05
Com tanta gente passando fome, tantas pessoas pedindo comida na porta de supermercados, com uma insegurança alimentar tão larga, uma pergunta é inevitável: como mais de 10 toneladas de alimentos pagas com dinheiro público estragaram dentro de galpões de uma cooperativa em João Pessoa?
Os alimentos foram apreendidos pela Vigilância Sanitária de João Pessoa, na Empasa, no Cristo, nesta quarta-feira (6), durante a Operação 5764, que apura supostos desvios de recursos destinados à alimentação de famílias carentes. A ação era para apreender documentos, mas os investigadores se depararam com o descaso.
Nós verificamos essa situação, destes gêneros alimentícios colocados dentro de uma câmara frigorífica, peixes com polpas de fruta, macaxeira, e a gente teve que acionar a vigilância sanitária para fazer a interdição do ambiente", disse o promotor de Justiça Rafael Linhares.
Durante a operação, foram cumpridos dois mandados de prisão e nove de busca e apreensão.
Segundo a Controladoria Geral da União (CGU), foram presos o presidente da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária na Paraíba (UNICAFES/PB), Jaciel Franklin, e o ex-gerente executivo das Casas de Economia Solidária, Marcelo Eleutério de Melo.
O que dizem os investigados
Em nota enviada à imprensa por volta das 12h, a família de Marcelo Eleutério informou que aguardava o advogado falar algo pois não tinha total ciência do que está acontecendo. A nota diz que "Marcelo era servidor público e cumpria determinação de seus superiores", e que a família não entende o porquê destes superiores "não terem sido chamados para esclarecimentos".
A Secretaria de Desenvolvimento Humano da Paraíba ainda não se pronunciou sobre o caso. Ela é responsável pela Secretaria Executiva de Economia Solidária, comandada por Roseane Meira, onde um dos alvos trabalhava. Marcelo foi exonerado do cargo em fevereiro deste ano.
O que disse o governador
A suspeita é que ele foi exonerado depois que o governo identificou supostas irregularidades.
O próprio governador revelou que havia identificado problemas em um trabalho conjunto com Gaeco.
Nós identificamos o uso de notas fiscais falsas, documentos falsos e começamos a fazer esse levantamento, que ocorreu entre a Secretaria da Fazenda e a Controladoria-geral do Estado, depois envolvendo o MPPB, onde foi estimado o prejuízo de R$ 170 mil. Depois vimos que a compra também foi feita por prefeituras e o volume pode ser muito maior”, disse o gestor, em entrevista à imprensa, na manhã desta quarta-feira (06).
O Observatório da Gestão Pública, que realizou a investigação, é formado pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco-MPPB), Polícia Civil, Polícia Militar, TCE e CGU.
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