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SILVIO OSIAS

Vladimir Carvalho não morreu. Aos 87 anos, ele está vivíssimo em Brasília

Publicado em 08/04/2022 às 9:53 | Atualizado em 08/04/2022 às 10:06


                                        
                                            Vladimir Carvalho não morreu. Aos 87 anos, ele está vivíssimo em Brasília
Vladimir Carvalho, cineasta paraibano | Foto: Arquivo

				
					Vladimir Carvalho não morreu. Aos 87 anos, ele está vivíssimo em Brasília
Vladimir Carvalho, cineasta paraibano | Foto: Arquivo

"Vladimir Carvalho é um amigo que eu via muito no tempo da universidade e vejo pouco hoje em dia. No entanto, quando penso nele penso num amigo constante. Há pessoas que parecem engrandecer-se por aderirem à luta pela justiça social; Vladimir é o tipo de sujeito que engrandece esses ideais, com sua adesão. E isso pode-se sentir em sua convivência, em suas conversas e em seus filmes". Isso aí é Caetano Veloso falando sobre Vladimir Carvalho. Os dois se tornaram amigos quando cursaram filosofia na Bahia do início dos anos 1960.

60 anos se passaram. 51 desde que O País de São Saruê, o filme mais importante de Vladimir, ficou pronto e foi interditado pelo Serviço de Censura da ditadura militar. Quando, afinal, foi liberado, em 1979, havia se transformado num dos símbolos da luta contra a censura no Brasil.

Um dia desses, o cara dos Correios bateu em minha porta e me entregou um livro: O Sertão como dado, São Saruê como inspiração. É a dissertação de mestrado de Shirly Ferreira de Souza, pela UNICAMP. Ela disseca o filme, naturalmente com argumentos acadêmicos. Destaco um pequeno trecho: "A natureza poderia ser hostil no Nordeste, seja na seca, seja nas enchentes, entretanto, não era causa última do subdesenvolvimento, que se explicaria pela estrutura agrária caracterizada pela concentração de terras nas mãos de poucos, processo histórico que se mantinha desde o Brasil Colônia e ainda não tinha sido solucionado".

Digo que Vladimir Carvalho é um amigo que herdei do meu pai. Comunistas, os dois foram amigos de infância, estudaram juntos, e foi em casa que eu soube, muito cedo, quem era o cineasta. Vladimir é um cara extraordinário. Um grande cineasta voltado permanentemente para o cinema documental, e uma grande figura humana, dessas raras. Tenho muito orgulho de que sejamos amigos, e a Paraíba deve ter muito orgulho de que ele seja um de nós.

Há umas três semanas, num sábado à tarde, tocou o telefone. Era Vladimir Carvalho. Seguiram-se uns 90 minutos de conversa. Como é bom ouvir aquela voz. E os seus argumentos. Falamos sobre Jurandy Moura, as crônicas de Gonzaga Rodrigues, o cinema de Pasolini (O Evangelho Segundo São Mateus, Gaviões e Passarinhos), Thiago de Mello e o filho Manduka, Zé Lins, um certo espírito neorrealista que há em O Poderoso Chefão. Como é precioso ouvir Vladimir e marcar um encontro presencial quem sabe para os próximos meses.

Essa minha conversa um tanto quanto desconexa sobre Vladimir Carvalho tem um motivo. É que ontem fui informado por um colega de redação que "mataram" Vladimir numa nota da Secult. É difícil de crer, mas ocorreu. Então, estou eu aqui para dar notícias dele, que, aos 87 anos, continua vivíssimo em Brasília.

Imagem ilustrativa da imagem Vladimir Carvalho não morreu. Aos 87 anos, ele está vivíssimo em Brasília

Silvio Osias

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