Trabalho informal aumenta no Brasil em 2022, mas especialista projeta cenário melhor para o futuro

O Brasil tem atualmente mais de 12 milhões de pessoas desempregadas, segundo dados divulgados no final de março deste ano pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. O país tenta se recuperar da pandemia de Covid-19, período em que estabelecimentos fecharam ou diminuíram suas equipes, o que ocasionou demissões em massa.

Joseph Brito, que hoje trabalha como entregador, foi uma das muitas pessoas afetadas pela pandemia. Trabalhou por 15 anos no setor hoteleiro como promotor de vendas especializado em hospedagens em conjunto com os principais sites e agências de turismo, mas, sem hóspedes por conta do isolamento, foi demitido.

Tive que criar oportunidades. Ofereci meus serviços de motoboy, pois durante a pandemia muita gente preferiu receber os produtos em casa pra evitar qualquer contaminação e isso fez com que meus serviços fossem bem aceitos”.

Além do alto número de pessoas sem emprego, a amostra da Pnad Contínua mostra que entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, o número de pessoas trabalhando sem carteira assinada foi de 12.281 milhões, um aumento de pouco mais de 2 milhões em relação ao mesmo período de 2020 e 2021 (10. 361 milhões). Mas o rendimento médio dessa população segue em direção oposta, caindo de R$ 1.708 para R$ 1.621.

O aumento do trabalho informal pode ser observado nas praias e no aumento de motoristas e entregadores por aplicativo. A renda é essencial para suprir as necessidades básicas nos trabalhos informais, mas retira a oportunidade de ingressar no mercado formal. O advogado Diego Cabral fala sobre os benefícios perdidos por esses trabalhadores.

Fora desse mercado, direitos básicos como FGTS, INSS, décimo terceiro, férias, entre outros, acabam não sendo proporcionados para esses trabalhadores, já que são privativos daqueles que têm seus contratos registrados nas respectivas carteiras de trabalho”.

Diferente de outras pessoas, Joseph não trabalha por aplicativo. Atua como entregador e montou sua própria empresa, mas mesmo assim tem uma rotina intensa. “Já tenho uma clientela fixa, porém meu dia a dia é bem corrido. Saio cedo de casa e não tenho horário certo para retornar. Entre uma corrida e outra respondo mensagens no Whatsapp, pois sou vendedor também e é raro parar no horário certo para almoçar”.

O advogado Diego Cabral acredita que apesar do cenário preocupante, a retomada das atividades econômicas indica que mais pessoas serão inseridas no mercado formal de trabalho.

[A inserção no mercado] traz inúmeros efeitos sociais, tanto para o presente, pois aumenta a circulação de receita e diminui as dificuldades enfrentadas por inúmeras famílias, como futuros, pois garante a vinculação desses trabalhadores ao Regime Geral da Previdência Social-RGPS, o que garante cobertura em caso de acidentes e doenças, além de uma aposentadoria futura”.