COMUNIDADE
Vários mundos na mesma casa: conheça a mulher que escolheu ser mãe de cinco
Como as mulheres estão vivendo a maternidade atualmente é tema do programa Paraíba Comunidade deste domingo (8), das TVs Cabo Branco e Paraíba.
Publicado em 08/05/2022 às 7:03
Eu tenho 5 mundos acontecendo dentro da mesma casa e faço parte desses cinco mundos além do meu”.
A decisão de ter filhos vem diminuindo ao longo dos anos com as famílias optando por ter apenas um filho ou nenhum. No Brasil, a taxa de fecundidade atual é de 1,76 filhos, segundo o panorama do IBGE. O Censo de 2010, na amostra famílias, apresenta que o número de casais sem filhos é 21.320 na Paraíba. Na contramão dos índices demográficos, Luciana Medeiros, hoje com 45 anos, decidiu ser mãe de cinco.
Ainda no Censo de 2010, o número de mães solo é 116,5% maior do que o de casais com filhos no estado. Ao se tornar mãe, ter uma perspectiva de carreira se torna ainda mais difícil, principalmente se ela for a única responsável pelo sustento da criança.
O cuidado infantil continua sendo em grande parte um trabalho exclusivo das mães, então muitas delas precisam largar o emprego, e em outros casos, as empresas não estão preparadas para receber mães e crianças. O que faz muitas mulheres desistirem ou adiarem a decisão de ter filhos. Para continuar exercendo a profissão, as creches e a rede de apoio são uma ajuda fundamental para as mães se dedicarem à profissão.
Luciana Medeiros, enfermeira e empreendedora digital, sempre quis ter quatro filhos pela experiência positiva ao crescer com dois irmãos. “Eu sempre quis ter o dobro de irmãos, por isso quatro”, enfatiza ela. Com o marido Tarcísio, teve os três primeiros filhos com um intervalo de dois anos cada. A diferença de idade dos três mais velhos é maior em relação aos dois mais novos.
Entre o terceiro e o quarto, eu tive um abortamento, então a sequência que eu programei de dois em dois anos se alterou um pouco. Depois do quarto, a gente resolveu ter mais um por sentir falta do cheirinho de neném”.
Os filhos Caio, Ana Carolina e Samuel têm 20, 18 e 16 anos e os mais novos, Danilo e Ana Clara, têm 11 e 4 anos. A diferença de idade entre os filhos não é difícil como parece. Para Luciana, cada fase tem partes boas e desafios que compensam um ao outro.
Muitas mudanças aconteceram entre o primeiro e o quinto filho, à medida que os filhos foram nascendo, o grau de exigência foi diminuindo e as prioridades foram sendo reajustadas.
Mães de primeira viagem geram muitas cobranças em relação a elas mesmas nas funções de mãe e criam expectativas altas para o filho. Quando você já passou pela experiência outras vezes, entende que não precisa ser perfeita. Os filhos também não vão ser perfeitos e a vida normal é assim”.
Luciana nunca deixou de fazer nada profissionalmente por causa da maternidade. Poucos meses após o parto do primeiro filho, conseguiu passar em um concurso federal. Já era mãe de 3 quando cursou o mestrado e engravidou do quarto filho. Durante o doutorado, a enfermeira engravidou e teve a filha mais nova.
Meus filhos são meu maior motivo de buscar o sucesso. Eles amam me ver atuando, dando palestras, sentem orgulho e isso sim é muito gratificante. Sempre foram pra mim um poderoso combustível profissional”.
Por ser concursada desde o primeiro filho, não teve preocupação com o retorno ao mercado de trabalho, mas estar ausente em casa sempre foi um grande desafio. Luciana trabalha em regime de plantão na enfermagem e isso possibilita uma flexibilidade de horários, mas a profissão exige que ela esteja ausente em dias importantes, finais de semana e datas especiais.
"Contava com uma rede de apoio em imprevistos. Sempre tive alguém trabalhando em casa, mas se fosse necessário poderia acionar a família a qualquer momento, inclusive até hoje. A participação paterna é bem presente e desde cedo foi treinado para todas as tarefas e sempre se virou bem quando precisei viajar, dar plantão a noite, ele sempre se virou bem".
A organização é importante, pois, para a casa e a vida funcionar, a família precisa se dividir na realização das tarefas. Cada um limpa o próprio espaço e os locais comuns são organizados por revezamento. Os pequenos também participam da divisão das atividades e realizam o que conseguem ou com ajuda dos mais velhos. Luciana é quem prepara a comida e deixa o básico congelado para que os mais velhos complementem no dia a dia.
"Não existe dar conta de tudo, sempre vai ficar algo por fazer”.
A vida da Luciana como mãe é uma montanha russa de sentimentos. O mais velho vivencia o primeiro emprego, a de 18 anos está entrando na universidade, o de 16 iniciando o ensino médio, o de 11 saindo do ensino infantil e iniciando a experiência de ter muitos professores e a caçula indo pra escola pela primeira vez. O maior desafio dela é conseguir participar dessas realidades muito diferentes e tempos de extrema importância para cada um deles.
Não é tão fácil, porque no mesmo dia que a caçula tá feliz por conseguir fazer a letrinha ‘A’, a de 18 anos briga com o namorado. Eu tenho 5 mundos acontecendo dentro da mesma casa e faço parte desses cinco mundos além do meu”.
A maior realização da enfermeira como mãe é testemunhar a beleza da vida que acontece em cada um deles. Ela se sente realizada ao identificar suas características melhoradas nos filhos e entender o que é próprio de cada um.
Ser mãe é massa. É se lançar num projeto sem conhecer o destino final, ir cumprindo as tarefas à medida em que vão aparecendo e pelo caminho colecionar as vitórias de cada etapa, aprendendo com cada erro e usando a experiência para tornar a próxima fase mais fácil”.
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