COTIDIANO
Suspeito da morte de Mariana Thomaz refuta acusação de estupro em audiência de instrução
Durante o depoimento, Johannes Dudeck alegou que, antes da morte da estudante, houve a prática do "sexo não convencional". Julgamento se estende durante a tarde.
Publicado em 20/05/2022 às 12:44 | Atualizado em 20/05/2022 às 12:59
O empresário Johannes Dudeck, que é suspeito da morte da estudante Mariana Thomaz, refutou a acusão de estupro, durante a audiência de instrução que foi remotada nesta sexta-feira (20). Durante o depoimento, ele alegou que, antes da morte da estudante, houve a prática do "sexo não convencional". Julgamento se estende durante a tarde.
Johannes explicou, durante o questionamento da defesa, que usou o estilo BDSM durante o ato sexual. O termo faz referência a um conjunto de práticas sexuais que envolve bondage - amarrar e prender o parceiro -, dominação, submissão e sadomasoquismo. O suspeito garantiu que a relação sexual aconteceu com o consentimento de Mariana.
Quando foi questionado sobre o histórico de crimes relacionados à violência, o empresário explicou que na relação dele com Mariana "não havia nada pegajoso, era tudo normal" e que "o máximo que aconteceu foi, assim, quando ela conversou sobre a situação do ex", que ele disse ter ficado chateado.
A audiência começou na última sexta-feira (13), de forma semipresencial, no Forúm Criminal de João Pessoa e por videoconferência. Foram ouvidos os depoimentos de testemunhas, mas o do acusado de matar a estudante, o empresário Johannes Dudeck, foi adiado para esta sexta, a partir das 9h.
A defesa de Johannes solicitou a retirada da algema, mas a juíza Fancilucy Rejane de Sousa entendeu que, devido à baixa escolta, ele deveria permanecer algemado.
Desdobramentos
Conforme a promotora de Justiça, Artemise Leal Silva, outras duas das quatro testemunhas de defesa foram designadas para serem ouvidas.
O suspeito já respondeu aos questionamentos da acusação e respondia à defesa por volta das 12h.
Um dos documentos apresentados pela defesa foi um laudo pericial, que foi emitido por uma instituição privada. Esse documento teria um parecer diferente do apresentado pela Polícia Civil, e refutaria a hipótese de estupro contra a estudante.
O julgamento segue durante a tarde desta sexta. Se finalizado, Johannes pode se tornar réu e ser submetido ao júri popular.
Entenda o caso
O corpo de Mariana foi encontrado no dia 12 de março de 2022, após a polícia receber uma ligação do acusado Johannes Dudeck, informando que Mariana estava tendo convulsões. A investigação observou sinais de esganaduras, então Johannes foi preso no local e encaminhado para um presídio especial de João Pessoa.
O relatório final do inquérito indicou os crimes de feminicídio e estupro, conforme informações obtidas do laudo tanatoscópico do Instituto de Polícia Científica (IPC), exame feito para comprovar a existência de violência sexual.
O empresário já tem um histórico de processos tanto na esfera criminal quanto na cível, conforme consulta feita pelo g1 nos sistemas públicos do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) e do Ministério Público da Paraíba (MPPB). Entre os casos, vários processos administrativos envolvendo empresas dele e também casos de ameaça, lesão corporal e violência contra a mulher.
A jovem, de 25 anos, era natural do Ceará e estava na Paraíba para cursar a graduação de medicina.
Lei de proteção às mulheres é sancionada
Foi sancionada nesta quinta-feira (19) a Lei Mariana Thomaz, que facilita a divulgação, por parte das instituições de assistência e proteção à mulher, dos locais onde podem ser consultados os antecedentes criminais de terceiros. A lei foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) e começa a vale a partir de 90 dias.
A lei estabelece que as instituições estaduais direcionadas à assistência e acompanhamento às mulheres devem promover, em seus espaços e materiais próprios, a divulgação dos sites e demais locais de consulta sobre os antecedentes criminais de terceiros.
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