VIDA URBANA
PB tem epidemia de dengue, segundo Ministério da Saúde
Dados do MS mostram que 30 cidades são afetadas pelo problema. Monte Horebe, no Sertão, tem situação mais crítica.
Publicado em 08/05/2015 às 6:00 | Atualizado em 09/02/2024 às 17:34
Um levantamento do Ministério da Saúde (MS) revela que a Paraíba possui 30 municípios em quadro de epidemia de dengue por apresentarem incidência da doença superior a 300 casos por 100 mil habitantes. O parâmetro é adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para caracterizar a epidemia. O destaque é a cidade de Monte Horebe, no Sertão paraibano, que é a segunda do país em incidência da doença e a primeira do Estado. Os dados são referentes a 1º de janeiro a 18 de abril deste ano.
Dos 30 municípios em estado de epidemia, oito figuram nos primeiros lugares e com taxas superiores a mil. Na topo da lista aparece Monte Horebe com taxa de 15.495,3 por cada 100 mil habitantes. Em seguida aparecem Frei Martinho (com 4.189), Prata (3.560), Zabelê (3.517,6), Sertãozinho (2.868,4), Passagem (1.821,3), Pedro Régis (1.300,2) e São Bento (1.206,7).
Na Paraíba, a cidade que apresentou menor incidência no ranking dos municípios em epidemia foi Areial (306,1), ultrapassando por pouco o parâmetro da OMS. Municípios como Areia de Baraúnas (316,8), Belém (319,2) e Vista Serrana (323,5) também apresentaram taxas um pouco acima do limite da OMS.
Por sua vez a incidência de dengue de Monte Horebe, segunda maior do país, fica atrás apenas de São João do Cuiá (PR) com 17.455.
No país, das 5.570 cidades, 1.397 estão em epidemia. Isso mostra que a cada quatro cidades brasileiras uma já apresenta epidemia.
Na lista nacional das cinco cidades com maior incidência da doença além da cidade paraibana e da paranaense estão outras três: Paraguaçu Paulista (SP) com 14.815, Onda Verde (SP) com 14.752 e Estrela do Oeste (SP) com 14.636.
Segundo o MS, o levantamento considera todas as notificações da doença utilizando como base os fatores clínicos e epidemiológicos, não tomando como referência apenas as confirmações após a contraprova realizada por cada município, respaldados assim pelas recomendações dos planos de contingência quando ocorre números expressivos de casos de dengue.
DADOS DA SES
O boletim epidemiológico nº 4, referente ao período de 1º de janeiro a 27 de abril de 2015 e divulgado na última segunda-feira pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), trouxe a Paraíba como o quarto Estado do Nordeste com maior incidência de dengue.
O relatório revelou ainda que para cada 100 mil habitantes, a incidência da doença passou de 41,2 para 137,6, no período de janeiro a 18 de abril, respectivamente em 2014 e 2015.
A Paraíba também registrou mais de 6 mil notificações de dengue no período que vai de janeiro a 27 de abril deste ano, acarretando em um aumento superior a 111%, se comparado ao igual período no ano passado, que foi de 2.862 casos notificados.
Ainda segundo o último boletim divulgado, a Paraíba possui 107 municípios em alerta e 70 em risco de epidemia.
Para se ter uma ideia de como a dengue vem crescendo por todo o Estado, nos últimos três anos, considerando o número de casos por 100 mil habitantes, a incidência foi de 116,39, 49,67 e 137,6, respectivamente, o que demonstra que de 2014 a 2015 o valor mais que dobrou.
Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA também na última segunda-feira, a gerente executiva de Vigilância em Saúde da SES, Renata Nóbrega, explicou que para poder caracterizar surto é preciso confirmar se os casos de dengue estão relacionados entre si.
Porém, tendo em vista o aumento dos casos na Paraíba, o que segue uma tendência regional e nacional, há a possibilidade do Estado decretar epidemia, caso o número de notificações continue a aumentar. Apesar de confirmar que alguns municípios já estão em epidemia, a exemplo das cidades de Monteiro, São Bento, Aroeiras e Campina Grande, a gerente não citou dados estatísticos.
A gerente da vigilância da SES atribui o aumento aos quatro tipos de vírus que circulam no Estado e a falta de envolvimento de uma parcela da população que ainda não realiza a correta mobilização nos territórios particulares.
Os relatos da doença ratificam os dados dos boletins da saúde, como é o caso da cozinheira Maria da Penha do Nascimento, 66 anos, que passou uma semana de cama, com dores no corpo, febre e manchas avermelhadas. “Fui diagnosticada com dengue depois que fui até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manaíra. Faz 15 dias que me recuperei mas ainda sinto o reflexo da doença. Aqui nas proximidades todos os meus vizinhos tiveram ou conhecem alguém que já teve a dengue”, relatou a moradora do Porto do Capim, em João Pessoa.
SOBRE A DENGUE
Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue é uma doença viral que se espalha rapidamente no mundo. Nos últimos 50 anos, a incidência aumentou 30 vezes, com ampliação da expansão geográfica para novos países e para pequenas cidades e áreas rurais. É estimado que 50 milhões de infecções por dengue ocorram anualmente e que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas morem em países onde a dengue é endêmica.
Fonte: Ministério da Saúde
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