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ECONOMIA

Camelôs virtuais: a explosão do comércio via redes sociais

Nos grupos de vendas que pipocam nas redes, é possivel encontrar e vender de tudo. Tem gente vivendo disso e outros usando a rede para fazer renda extra.

Publicado em 04/10/2015 às 16:00

Do sofá de casa ao assento do ônibus. Se tiver em mãos algum aparelho com acesso à internet, não importa onde, você vai comprar ou vender algo sem precisar ir ao local físico da venda. Como? Pelas redes sociais. 'Mercado online', 'Vendas e trocas', 'Bazar' - Esses são alguns nomes dos inúmeros grupos existentes nas redes, que disponibilizam ao internauta e usuário do mundo web, o acesso a produtos como comprador ou mesmo anunciador, sem burocracia, a não ser, ser aceito pelo 'dono' do grupo.

É o chamado 'e-commerce informal', uma espécie de camelô virtual que tomou conta da rede pelo mundo. Na Paraíba, há grupos como o 'Mercado Online de Mangabeira', um dos maiores do Estado, que contabiliza hoje mais de 81 mil participantes e vende desde caranguejadas prontas a moderníssimos iPhones. O processo de fechamento do negócio vai de marcar um encontro entre vendedor e comprador até entregar o produto e receber o dinheiro ou mesmo comercializar com pagamento via cartão de crédito. As regras são firmadas entre os dois.

Diante dessa nova forma de fazer circular a economia do país, trazemos histórias como a de Daniel Ramalho, que no universo online é 'dono' do 'Mercado Online de Mangabeira' e de Dennys Wilker, um dos administradores do 'Mercado aberto Online Jampa', que hoje soma mais de 62 mil integrantes, todos com ofertas diárias e produtos dos mais diversos, praticando o livre comércio e seguindo o velho ditado de que tem sempre alguém intessado em comprar algo.

No mundo offline, eles exercem suas profissões formais. Daniel, de 27 anos, trabalha como supervisor de um restaurante e, como ele mesmo define, "faz uns 'freelancers' como designer gráfico". Daniel conta que a criação do grupo não veio de um planejamento ou tentativa de novo negócio. "Certo dia, eu estava a procura de materiais na internet, junto com um amigo, ele teve a ideia de criar o grupo para que fossem negociados produtos em nosso bairro, Mangabeira". E assim nasceu o maior grupo de vendas online do estado. "O sucesso da conclusão das vendas foi tão grande que fez com que o negócio tomasse uma proporção que nunca imaginamos", ressalta.

Já Dennys, um dos administradores do 'Mercado aberto Online Jampa', tem 30 anos e na vida fora da web é servidor público e trabalha diariamente como agente de saúde de João Pessoa. O grupo que ele administra, na verdade, não foi criado por ele, e sim por um amigo. Mas, para ajudar o amigo "e por prazer mesmo", como faz questão de destacar, se tornou um dos administradores do grupo.

A função deles como administradores desses grupos, explicam, é apenas estabelecer regras de convivência e permanência no grupo, além de orientar os membros sobre os locais de entrega e recebimento dos produtos com um certo nível de segurança. Isentados de qualquer problema na negociação do que é vendido, as regras que eles criaram se baseiam justamente em evitar conflitos, garantir a confiabilidade do grupo e manter a organização.

Mas, além do trabalho e de ficar 'ligado' o tempo todo, o que eles ganham com isso?



Dos vendedores, nada. "Nós não recebemos nada dos membros para publicarem em nosso grupo, temos apenas um espaço reservado no topo da página e na publicação fixa (que fica sempre na parte de cima da página), reservada a quem que destacar a 'loja', desde que pague uma quantia mensal simbólica", explica Daniel. O valor real do faturamento, no entanto, nem ele, nem Dennys revelam. Cada espaço reservado custa entre R$ 100,00 e R$ 300,00. O valor depende do tempo, do destaque e do espaço ocupado.

O ganho de Daniel e Dennys pode até ser 'simbólico', mas os membros dos grupos deles, como o de tantos outros espaços como este, ganham. Os comerciantes André Lujo e Artur Felipe, por exemplo, já faturaram muito anunciando seus produtos. Universitários, moradores da cidade de Santa Rita, eles procuraram uma forma de ganhar uma renda extra e assim surgiu o interesse de apostar no comércio nas redes sociais.

André conta que assim que conheceu os grupos de vendas começou a anunciar e deu muito certo. "O resultado foi fantástico", ressalta empolgado o rapaz de 27 anos que vende produtos importados, como suplementos alimentícios, kit's de limpeza de pele e até roupas. "Já vendi mais de 1.000 unidades e o lucro por enquanto está ótimo", acrescenta, sem especificar os ganhos. Antes do grupo, André não comercializava nada - era prestador de serviços da prefeitura de Santa Rita. No mundo online, aprendeu a vender, faturar e reinvestir. "Tudo que vendo hoje foi fruto de meu investimento nas vendas online", destaca.

O consultor de vendas, Artur Felipe, de 25 anos, usa os grupos (sim, ele faz parte de vários) para fazer uma renda extra. Em seus anúncios é possível encontrar desde objetos usados, jogos de video game e até os filhotes da sua cadela, de raça Rottweiler. "Os filhotes da minha cadela é o que mais vendo", ressalta.

It girl do comércio informal na web



Os grupos coletivos de venda não são a única forma de fazer parte do comércio informal das redes sociais. Uma alternativa é criar o próprio grupo. Marina Avelino, sabe disso e não perdeu tempo. Com apenas 20 anos, a jovem que é amante de moda, explica que criou um grupo para compartilhar seus 'looks' com as amigas, que, conta ela, pediam para que revendesse roupas das quais usava, porque além de gostar das suas produções, não tinham tempo para procurar.

"Então, criei o meu grupo na intenção apenas de ajudar as minhas amigas, mas aí o negócio tomou proporções maiores e hoje vendo para fora do estado e aceito até cartão de crédito", comemora Marina, que conseguiu uma forma de ganhar dinheiro enquanto se revesa para concluir sua graduação em psicologia. E tem dado muito certo. "Dependendo da época, chego a faturar até três salários mínimos em um mês", completa.

Para alcançar esse resultado, Marina explica que investe muito. Ela compra suas mercadorias, que são roupas, sapatos e acessórios femininos, em lojas de revendas, faz estoque e passa várias horas em frente ao computador anunciando e negociando com as clientes.

Um negócio que ganha força com a rede



É fato. Esse comércio escolhido por André, Marina e Artur já é sucesso. Alan Mascarenhas, mestre em comunicação e especialista em transmídia e doutorando em comunicação, explica que os clientes (usuários das redes) não querem mais depender de um mediador e acabam optando por esse tipo de consumo.

"É um processo que ganha força com a inteligência coletiva sendo colocada em prática e a internet, de todas as mídias e plataformas, é a que nasce prometendo um esquema com menos mediadores, então nada mais natural que essas práticas apareçam nela", esclarece.

Já o professor e pesquisador do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba, Aléssio Tony C. Almeida, pontua que esse comercio eletrônico (e-commerce) já passou por diferentes fases, e ganhou força na internet nos últimos anos. "Com a popularidade da Internet e das redes sociais no Brasil,é possível identificar que os usuários brasileiros e pessoenses têm intensificado o uso dessas redes (tal como Facebook, Whatsapp, Instagram etc.) para divulgar produtos e serviços e, assim, ampliar as possibilidades de negócios", explica.

Anunciante x consumidor: nível de confiança

Os clientes de Marina, Artur e André tiveram as mesmas dúvidas sobre riscos que todos têm, quando se trata de compras pela internet. Ainda mais por serem compras informais. E isso é normal. Aliás, as dúvidas não só são dos consumidores, mas também, por anunciantes, porque o “perigo”, segundo o doutorando em comunicação Alan Mascarenhas, é para os dois lados.

Sobre a segurança pessoal, Alan orienta que o anunciante tem de se certificar que o cliente é real e marcar a entrega em lugares públicos, quando a venda não é feita pelos correios. Já o consumidor, além de também exigir que a entrega seja em lugar público, tem de ficar atento aos riscos que assume ao comprar a mercadoria.

Riscos esses que o economista Aléssio Tony, também atenta. Ele diz que por serem transações que são efetuadas na informalidade possuem inúmeros riscos, dentre os quais o comprador está numa situação mais vulnerável, dados os seguintes fatos: falta de garantia da mercadoria (assistência, prazo para troca, autenticidade), produto com especificações diferentes da anunciada e elevadas chances da mercadoria não estar em conformidade com as normas técnicas e de segurança brasileira.

Mesmo com esses riscos e sem confiar muito, Ingrid Melo resolver apostar. Ela afirma que já comprou um HD externo e um tablet. Os dois usados. “Mas, em boas condições”, ressalta. As compras dela, feitas por um grupo da rede social facebook, não tiveram nenhuma alteração do que foi anunciado. E, na maioria dos casos, como afirma o dono do maior grupo de vendas da Paraíba, Daniel Ramalho, as vendas são SUCESSO.

É possível confirmar a veracidade do que ele afirma, nos próprios comentários da postagem do produto. O que faz esse 'e-commerce informal' crescer cada dia mais. Só na Paraíba, de acordo com dados do IBGE, mais de 60% dos trabalhadores estão informais. Essa soma, no entanto, não detalha as formas que são feitas as informalidades no comércio, mas, a internet, conforme o economista Aléssio, é uma tendência que só aumenta esse número.

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Jornal da Paraíba

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