SILVIO OSIAS
Os avôs e as avós são figuras especialíssimas em nossas vidas. Têm um amor de força incomum
Publicado em 26/07/2022 às 9:21 | Atualizado em 26/07/2022 às 9:36
Nesta terça-feira, 26 de julho, celebra-se o Dia dos Avós (Foto/Reprodução). Tive a felicidade da convivência com essas quatro figuras tão importantes na vida da gente. Na coluna de hoje, num post muito pessoal, faço merecida homenagem à memória deles.
Meu avô paterno se chamava Onaldo. Onaldo Lins de Albuquerque. Minha avó paterna se chamava Isaura. Isaura Fagundes Lins de Albuquerque. Aparecem aí fotografados no final dos anos 1950.
Meu avô materno se chamava José Osias. José Osias de Paula Homem. Minha avó materna se chamava Stella. Antônia Stella dos Santos Osias. Aparecem aí fotografados na segunda metade da década de 1970.
Meu avô Onaldo era militar. Lutou em 1932 pelas forças getulistas e levou um tiro na nuca. Sobreviveu e foi reformado. Militou na UDN, foi gráfico em A União, fez poesia, escreveu dois livros, era espírita. Com ele, ouvi Orlando Silva, Pixinguinha e Luiz Gonzaga. No Natal de 1967, me deu de presente o disco com as músicas do festival de Alegria Alegria e Domingo no Parque. Vovô Onaldo morreu aos 76 anos.
Minha avó Isaura era uma mulher melancólica. Parecia estar sempre triste. Uma foto que guardo cuidadosamente revela que fora muito bonita na juventude. Foi quem me mostrou Quem Sabe, de Carlos Gomes, dizendo o quanto aquela música era bonita. Ficou para sempre associada a ela. Morreu quando eu tinha 15 anos. Foi meu primeiro contato muito próximo com a morte. Vovó Isaura morreu aos 64 anos.
Meu avô Osias dizia que era nobre. Pertencia à família do Barão de Lucena. O barão faliu e ficou conhecido como "barão do nada tem". Meu avô veio de Olinda, conheceu minha avó no carnaval de 1920, em Bananeiras. Foi ele que me ensinou a andar de bicicleta e a jogar xadrez. Dizem que era durão, mas conheci seu lado terno. Lia compulsivamente e adorava As Mil e Uma Noites. Não gostava de música. Vovô Osias morreu aos 88 anos.
Minha avó Stella tinha liderança na paróquia do bairro. Comandava as Mães Cristãs. Era irresistivelmente eloquente. Conquistava pela fala. Juntos, ouvimos muita música, os clássicos e os populares, os antigos e os novos. Foi ela que me levou para ver A Noviça Rebelde na estreia. Na velhice, descobriu a música de Egberto Gismonti. Ficaram amigos - uma experiência humana riquíssima da qual fui testemunha. Vovó Stella morreu aos 85 anos.
Avôs e avós. Figuras especialíssimas na vida da gente. Um amor diferente do amor de pai e mãe, mas de uma força incomum. Netos e netas. Também muito especiais na vida dos avôs e avós. Amores essenciais na travessia dos verdadeiros homens humanos.
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