SILVIO OSIAS
Vitória da democracia é o único jeito de tirar o Brasil do atoleiro
Publicado em 02/10/2022 às 7:14
Na noite deste sábado (01), o ministro Alexandre de Moraes fez um pronunciamento no rádio e na televisão. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral disse: "A democracia é uma construção coletiva daqueles que acreditam na liberdade, daqueles que acreditam na paz, que acreditam no desenvolvimento, na dignidade da pessoa humana, no pleno emprego, no fim da fome, na redução das desigualdades, na prevalência da educação e na garantia da saúde de todos os brasileiros e brasileiras".
Neste domingo, dois de outubro de 2022, mais de 150 milhões de brasileiros estão aptos ao voto. A disputa presidencial colocou o Brasil diante de uma escolha entre a democracia e o combate a esta. É estranho admitir que uma das opções que o eleitor tem está relacionada ao combate à democracia, mas é exatamente o que temos nessa disputa que, a julgar por todas as pesquisas, poderá colocar outra vez no poder o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou dar mais quatro anos de mandato ao presidente Jair Bolsonaro.
Vários candidatos e candidatas estão na disputa presidencial, mas somente esses dois se mostraram eleitoralmente viáveis. Essa afirmação não tem nada a ver com preferência, apenas confirma a realidade que as urnas revelarão daqui a algumas horas, independente de que seja em primeiro ou em segundo turno o resultado final. Também não custa reconhecer que a trajetória de um dos candidatos - gostando ou não dele - é de respeito à democracia, enquanto que a do outro está repleta de ameaças à democracia.
Você pode, por exemplo, votar em Ciro Gomes ou em Simone Tebet, mas sabe que eles não alcançaram a marca dos dois dígitos durante toda a campanha. Ciro pode ter jogado fora sua biografia ao ter escolhido Lula como saco de pancada. Deixou a impressão de que bateu mais em Lula do que em Bolsonaro, o que não combina com sua caminhada política de décadas nem com seu diagnóstico dos problemas brasileiros. Simone Tebet foi mais prudente e, ainda que sem chances de vitória, está saindo da campanha credenciada a voos futuros.
Lula, favorito em todas as pesquisas, é o único candidato eleitoralmente viável entre os que jogam do lado da democracia. Repito: você não precisa gostar dele. Mas a sua trajetória é toda de respeito ao jogo democrático que se joga no Brasil. Um jogo cheio de defeitos, cheio de falhas, o único, no entanto, que temos e que devemos defender. Lula foi presidente durante oito anos. Acertou, errou, mas nunca ameaçou a democracia. Conquistou os pobres com a atenção que pôde oferecer a eles e também manteve todos os privilégios das elites nacionais.
Bolsonaro, sempre em segundo lugar nas pesquisas, se mantém constantemente em posição de combate à democracia. Mau militar (nas palavras do ex-presidente Ernesto Geisel), era assim quando estava no Exército. Era assim quando, como deputado federal do baixo clero, defendia as ideias mais incompatíveis com nosso processo civilizatório. Tem sido assim desde que é presidente. A foto que ilustra a coluna carrega grande peso simbólico: mostra o presidente imitando uma pessoa sem ar, enquanto a Covid matava milhares de brasileiros.
O Brasil que vai às urnas neste dois de outubro escolherá - simples constatação - entre a democracia e o golpismo. Seria fundamental que a vitória da democracia se desse já em primeiro turno, junto com a eleição de governadores, senadores, deputados federais e estaduais. A eleição de 2022 é a mais importante desde que o nosso processo de redemocratização foi iniciado, em meados dos anos 1980. A vitória da democracia é imprescindível. É o único caminho para enfrentar a tragédia brasileira.
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