icon search
icon search
home icon Home > cultura > silvio osias
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

SILVIO OSIAS

No debate da Band, Lula venceu o primeiro confronto, Bolsonaro venceu o segundo

Publicado em 17/10/2022 às 9:42


                                        
                                            No debate da Band, Lula venceu o primeiro confronto, Bolsonaro venceu o segundo

No primeiro turno da eleição, no dia dois de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve 57 milhões de votos. O presidente Jair Bolsonaro teve 51 milhões. Diante do debate que a Band realizou na noite deste domingo (16), a duas semanas do segundo turno, o eleitor de Lula constatou que Bolsonaro é um mentiroso. Por sua vez, o eleitor de Bolsonaro constatou que Lula é um mentiroso. É um bom resumo do debate porque foi o que, de fato, aconteceu: várias vezes, Lula chamou Bolsonaro de mentiroso, Bolsonaro chamou Lula de mentiroso. Independente da sua preferência, não é - convenhamos - um bom retrato do atual processo eleitoral.

Eleição não é como jogo de futebol. Para quem age como se fosse, é mais difícil ter algum distanciamento. Quando digo que dois mentirosos numa luta livre pode ser um bom resumo do debate da Band (Foto/Reprodução), o que quero dizer é que, no fundo, esses debates reprisam a foto que o eleitor já tirou do seu candidato, não há um grande vencedor nem um grande perdedor. Os dois candidatos a presidente são mentirosos, foi o que um disse do outro o tempo todo, mas a gente sabe - para que não fique dúvida - que o mentiroso compulsivo, irrecuperável, é Bolsonaro. Lula, na pior das hipóteses, mente na dimensão permitida pelo jogo político.

O formato que as emissoras de televisão usam para realizar debates está obsoleto. Foi criado, a rigor, para que ninguém alegasse descumprimento da legislação eleitoral. Mas é coisa do passado. Pergunta, resposta, réplica tréplica. Tempo para isso, tempo para aquilo, tema livre, tema sorteado, enquadramento padronizado. Sejamos verdadeiros: já cansou. A Band inovou. Os dois candidatos soltos no estúdio, longe do púlpito, andando de um lado para o outro, perguntando sobre o que bem entendem, administrando o próprio tempo, usando bem ou mal as câmeras - tudo isso mostra que as coisas podem ser reinventadas, e foi exatamente o que vimos.

O uso que Lula fez das câmeras foi muito melhor. A começar pelo momento em que ele mencionou a existência delas. Também quando se aproximou de Vera Magalhães e remeteu o telespectador à agressão que Bolsonaro cometeu contra a jornalista no debate do primeiro turno. Bolsonaro estava mais travado. Demorou mais a se soltar. O primeiro confronto entre os dois candidatos foi de Lula. O ex-presidente dominou, falando sobre a pandemia. Acuou o presidente. Conduziu a conversa. Estava seguro, tinha bom humor quando julgava necessário. Quando terminou o primeiro bloco, a impressão que se tinha era de que o debate teria um vencedor.

O segundo confronto, já no terceiro bloco do programa, foi de Bolsonaro. O tema da corrupção é desconfortável para Lula. Ele tenta, mas não se defende bem. Penso que nunca o fará porque é inegável que houve corrupção no seu governo. Bolsonaro consegue tirar Lula de tempo, mesmo que todos saibam que o presidente está cercado de casos de corrupção. No segundo confronto, Lula não usou o tempo corretamente, como havia feito no bloco de abertura. O resultado foi que seu tempo terminou, e Bolsonaro deitou e rolou por uns bons cinco minutos. Nesse particular, falharam os assessores de Lula, falhou o próprio candidato.

O campo progressista sempre subestimou Bolsonaro. Subestimou em 2018 e parece que ainda subestima agora em 2022. No que diz respeito aos debates, difundiu a ideia de que ele não tem conteúdo, de que não se sairia bem, de que faria tudo para fugir. Não é verdade. Mentindo, sendo cínico, agressivo, perverso, sendo tudo o que ele é, Bolsonaro funciona bem nos debates - realidade que precisa ser assimilada e administrada pelos que lhe fazem oposição. Isso é tão verdadeiro que, no domingo, horas antes do confronto, ouvi de eleitores de Lula que era melhor que não houvesse debate, que era muito arriscado para Lula.

Os espaços reservados às perguntas dos jornalistas foram mantidos, mas remetem ao formato dos velhos debates, não a esse agora utilizado pela Band. No final, o que fica, o que é realmente comentado, o que atrai o telespectador é o confronto entre os dois candidatos. Lula venceu um bloco, Bolsonaro venceu o outro. A presença do senador eleito Sergio Moro como assessor de Bolsonaro merece registro. Mostra que ele não sabe mesmo o que é ter vergonha na cara. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro têm novo encontro marcado. Será na Globo, no dia 28, a dois dias do segundo turno. Para Lula e para Bolsonaro, um compromisso de alto risco.

Imagem ilustrativa da imagem No debate da Band, Lula venceu o primeiro confronto, Bolsonaro venceu o segundo

Silvio Osias

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp