CULTURA
'Rumos' em novos tempos
Voltado para o fomento da produção cultural brasileira, programa 'Rumos' terá nova edição; anúncio foi feito pelo diretor do Itaú Cultural.
Publicado em 04/09/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:05
“Singularidade” foi a palavra mais repetida por Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, durante coletiva realizada na última segunda-feira, na sede da instituição, em São Paulo, para anunciar a nova edição do programa 'Rumos', voltado ao mapeamento e fomento da produção brasileira.
Singularidade traduz o que a instituição espera dos projetos que podem ser inscritos (gratuitamente) até o dia 14 de novembro, exclusivamente pela internet através do site www.itaucultural.com.br/rumos. O resultado será anunciado em maio do ano que vem, quando as propostas começarão a ser trabalhadas.
Rumos chega a sua 16ª edição com novidades. A principal delas: se tornar um edital multidisciplinar. Com R$ 10,5 milhões do total de R$ 70 milhões que o Itaú Cultural dispõe para aportar nos múltiplos projetos da instituição (entre eles o Auditório do Ibirapuera, que consome R$ 12 milhões anualmente), o programa contemplará projetos de até R$ 400 mil – sem número mínimo ou máximo de aprovados.
A nova cara do 'Rumos' começou a ser formatada há um ano. Há 6 meses, o Itaú Cultural criou uma comissão multidisciplinar para estudar a melhor forma de contemplar ideias nestes tempos modernos de convergência, economia criativa, produção colaborativa e virtual.
Participam dela integrantes da instituição e membros da sociedade civil, entre artistas, cientistas, pesquisadores etc. – ou como resumiu Valéria Toloi, gestora de educação e arte do Itaú Cultural, “de músicos a biólogos”.
“As fronteiras estão cada vez menores”, pontua Saron, disposto a derrubar as barreiras. “Mas o modelo tradicional também pode ser singular”.
Esse novo olhar resultou no edital que não prende ideias em categorias pré-definidas. O processo de inscrição foi modificado exatamente para atender a essa nova proposta. Sai o formulário formal para dar lugar a uma entrevista com 20 perguntas, cuja finalidade é traçar um perfil do projeto inscrito.
O diretor do Itaú Cultural enfatiza que a nova proposta agrega o histórico de 16 anos do projeto, acrescentando olhares do novo tempo. Serão aceitas propostas de qualquer um – artista, coletivo, grupo, cientista, técnico, etc. – para qualquer área, incluindo aí trabalhos já em andamento, pesquisas relacionadas à arte e à cultura, e projetos de educação, formal e informal, desde que todos tenham foco no Brasil.
A amplitude vai de residências artísticas e ensaios críticos até montagem de peças, circulação ou lançamento de CD e DVD etc. Projetos relacionados à moda também entram no rol, a despeito da recente polêmica envolvendo a lei Rouanet – da qual o orçamento do Itaú Cultural se faz valer de apenas uma pequena parcela, através do artigo 26, que ainda prevê uma contrapartida do investidor.
“Não necessariamente a produção acabada, pronta, é o objetivo da proposta”, reflete Eduardo Saron. “Às vezes, a pesquisa, o diálogo, a composição da obra é mais importante que o produto final”.
PARCEIROS
A comissão, além de multidisciplinar, é dinâmica. “Se aparecer um conjunto de projetos de relevância que não estava previsto, nós poderemos compor uma nova comissão para dialogar com esses projetos”, garante Saron. “Essa comissão é tão dinâmica quanto o desejo que a gente tem de sermos surpreendidos. Podemos aumentar ou expandir a comissão conforme a demanda”.
Na nova proposta do Itaú Cultural, a comissão também deixa de ser observadora para se tornar parceira do proponente. “É uma via de mão dupla”, resume Valéria Toloi. Eduardo Saron explica: “A comissão não tem só um papel passivo, tem o papel ativo de enxergar, de provocar a união de duas mais propostas que tenham afinidade através de pessoas que, talvez, nunca se conheceram. Mas o fato é que a comissão não é só para um processo de seleção, ela passa a ter um processo de mediação também”.
PELO BRASIL
Em breve, o Itaú Cultural cairá na estrada para explicar o edital do Rumos 2013 nos estados brasileiros. Eduardo Saron confirmou que a caravana passará por João Pessoa. A data ainda não foi definida, mas o local sim: será na Estação Cabo Branco, no Altiplano, que se tornou parceira da instituição paulista.
Atualmente, a Estação das Artes, anexo Estação Cabo Branco, conta com a exposição 'O Egito sob olhar de Napoleão', que faz parte da Coleção Itaú Cultural.
(*O jornalista viajou a convite do Itaú Cultural)
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