O que leva à crise de ansiedade? Cara de Sapato tem episódio no BBB 23

O lutador paraibano Cara de Sapato não passou a noite desta quarta-feira (18) muito bem. O atleta é um dos brothers da 23ª edição do Big Brother Brasil, reality da Rede Globo, e passou por uma crise de ansiedade dentro do jogo. O episódio é comum quando o estresse e cobrança são grandes, mas muitas pessoas ainda não sabem identificar os sintomas e agir corretamente. Entenda o que é, quais os sintomas da crise de ansiedade e como agir para acalmar alguém.

Conforme o psiquiatra Charlles Lucena, uma crise de ansiedade é um episódio caracterizado por uma preocupação excessiva, obsessiva, com medo e muitos sintomas físicos como a falta de ar, taquicardia, palpitação, sudorese, tremores e uma sensação de morte, desmaio ou perda de controle.

"São sintomas físicos que vem de forma muito aguda, muito rápida e na maioria das vezes sem nenhum fator precipitante. Às vezes ocorrem situações de perigo, mas muitas vezes você está tranquilo em casa e vem repentinamente", explica o médio.

Esses episódios duram cerca de 30 minutos, mas podem ser mais prolongados. Charlles pontua que casos mais longos podem se caracterizar como um Transtorno de Ansiedade Generalizado ou até Transtorno de Pânico. Por isso, é importante ter acompanhamento médico em caso de crises mais severas.

Como agir em uma crise de ansiedade?

No episódio desta quarta-feira no BBB, a médica Amanda Meirelles tentou amenizar os sintomas de Cara de Sapato com palavras de afirmação como "calma" e "respira". Logo depois, o atleta vai se tranquilizando.

Segundo as dicas do psiquiatra, a médica agiu bem. Ele afirma que na hora de um episódio como esse é importante manter a calma e auxiliar a pessoa em crise. Algumas coisas que podem ser feitas para ajudar são:

• Tente acalmar a pessoa;
• Escute e deixe-o falar;
• Deixe a pessoa em crise em um ambiente confortável e seguro;
• Tente estar sempre presente para amenizar os sintomas.

Apesar dessas orientações, o médico ressalta que quando os episódios ansiosos se repetem, eles podem trazer prejuízo à qualidade de vida, à rotina e funcionalidade.

"É muito importante um tratamento psicológico e médico tanto com terapia quanto medicamentos que vão atenuar e ajudar a lidar com esses sintomas e diminuir a sensação de medo de que eles voltem a acontecer", pontua.

Crise de ansiedade x transtorno de pânico

O psiquiatra e professor, Alfredo Rodrigues, ressalta que a ansiedade é um sentimento normal de qualquer ser humano. "Só que em um nível controlado por nós. Quando ela se torna não controlada por nós a gente chama isso de crise de ansiedade, que pode gerar um transtorno de pânico", alerta.

De acordo com o médico, a principal diferença entre uma crise isolada e o Transtorno é a frequência. No transtorno a ansiedade é regular, repetida e associada a sintomatologia clínica com crises regulares durando entre 15 e 30 minutos.

"A crise de ansiedade é uma sensação súbita de ansiedade. Crise de pânico é quando essas sensações chegam ao ápice com iminente sensação de morte e sempre associada a sintomas físicos", explica.

E para o tratamento, o médico afirma que é comum o uso de antidepressivos ou ansiolíticos, e psicoterapia, principalmente as psicoterapias relacionadas a Terapia Cognitiva-Comportamental (TOC). Além disso, a atividade física é regular, avaliação da dieta e do bem-estar do indivíduo é necessário para um tratamento eficaz.

Cara de Sapato luta contra transtorno de pânico

Em 2014, o transtorno de pânico afetou a vida profissional de Cara de Sapato. Em entrevista para a Rede Globo, afirmou que faz terapia desde que desenvolveu a condição ao presenciar a morte de um amigo.

Na época, o atleta tinha sido campeão na categoria peso-pesado (até 120kg) da terceira edição do The Ultimate Fighter Brasil, apesar de ser da categoria meio-pesados (até 93kg). Ele poderia avançar de categoria, no entanto, o lutador afirmou que não se sentia confiante psicologicamente para seguir neste caminho.

Em 2019, revelou ao Yahoo Esportes que fazia acompanhamento com um psicólogo e tomava medicação para evitar crises de pânico. "É uma coisa que muita gente ainda tem preconceito e o fato de eu compartilhar um pouco isso ajuda bastante essas pessoas. Esse é o meu maior objetivo. Todos verem que luto, que já tive isso. Às vezes é libertador para muita gente ouvir que muitas pessoas sofrem também."