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MEIO AMBIENTE

Profetas das chuvas: 12 técnicas para saber se vai chover no Sertão

Pequenos agricultores paraibanos conseguem prever o tempo com base na observação da natureza. Saiba quais são algumas dessas observações.

Publicado em 28/01/2023 às 15:22


                                        
                                            Profetas das chuvas: 12 técnicas para saber se vai chover no Sertão
Observar a natureza é fundamental para saber se vai haver chuva no Sertão

Os profetas das chuvas são pequenos agricultores do Sertão da Paraíba, produtores da agricultura familiar que moram principalmente em assentamentos, roçados e pequenas propriedades e que se utilizam de sinais da natureza para preverem o próximo inverno. Um conhecimento empírico, baseado em experiências que passam de geração em geração e que podem ser decisivos para uma boa colheita.

Todos os anos, no mês de janeiro, os profetas se reúnem no Campus de Catolé do Rocha do Instituto Federal da Paraíba para trocarem experiências e manterem vivo esse saber tradicional. Afinal, eles conseguem descobrir com alto índice de acerto como vão ser as chuvas de cada ano sem a ajuda de nenhuma tecnologia a não ser as próprias observações.

Ainda assim, as análises começam muitas vezes ainda em julho, quando o período de chuva só começa em janeiro. A depender das técnicas utilizadas, elas precisam acontecer em diferentes momentos.

Por sinal, a informação exata sobre a chuva é importante porque isso vai definir o momento certo do plantio e da colheita e o quanto de sucesso é esperado a cada ano. No fim de tudo, é um estreito diálogo com os sinais da natureza.

Diante de toda essa riqueza, o Jornal da Paraíba conversou com três desses profetas e reuniu algumas das técnicas que podem ser realizadas. Isso porque, os profetas explicam, cada um acaba se especializando em diferentes formas de se conectar com a natureza.


				
					Profetas das chuvas: 12 técnicas para saber se vai chover no Sertão
Profeta das chuvas: uma íntima relação dos agricultores com a natureza. Profeta das chuvas: uma íntima relação dos agricultores com a natureza

Coco do catolé

O catolé é uma espécie de coqueiro muito comum no Sertão paraibano. A profeta Sílvia Maria de Lima, de 49 anos, é agricultora e apicultora de Catolé do Rocha e explica que catolés com pouco coco é sinal de chuva forte no próximo inverno e catolés muito carregados indicam estiagem.

Como o coco pode ser guardado por bastante tempo para servir de alimento, a agricultora explica que a natureza, de forma conectada com o seu entorno, se reforça para aguentar o período de seca. “É a natureza lhe dando substâncias para você aguentar a seca”, resume.

Resina dos angicos

Angico é uma árvore nativa de Catolé do Rocha que dá bastante resina comestível, que em regra serve de alimentos para os macacos que vivem na região. E a lógica é a mesma da questão dos cocos do catolé. Se tem muita resina, é sinal de mais alimento para aguentar a seca e, logo, sinal de pouca chuva. Pouca resina nos troncos da árvore, ao contrário, é indício forte de muita chuva.

A floração do pau d’arco

Outra dica de Sílvia Maria de Lima é com relação ao pau d’arco, o nome dado no Sertão aos ipês. Sílvia ensina que a floração dessa planta acontece todos os anos entre julho e agosto e a torcida é sempre que isso aconteça de um jeito uniforme. “Se as plantas florarem todas por igual, é sinal de bom inverno, mas se isso acontecer de forma irregular o inverno não vai ser bom”, explica.


				
					Profetas das chuvas: 12 técnicas para saber se vai chover no Sertão
Sílvia Maria de Lima, agricultora de Catolé do Rocha. Sílvia Maria de Lima, agricultora de Sousa

Cumaru

Como se pode ver, uma mesma regra não pode ser utilizada para diferentes tipos de plantas. Tal como no caso do pau d’arco (mas diferente do catolé e dos angicos), o cumaru precisa estar carregado para significar boas chuvas no inverno. As experiências de longo prazo mostram que se essa planta nativa do Sertão tiver uma boa floração, o inverno seguinte será de bonanças.

Enxamiação de abelhas

Apicultora, Sílvia Maria de Lima presta muita atenção também nas abelhas. Porque, ela garante, o comportamento desses animais está ligado à quantidade de chuva que vai haver no inverno.

De acordo com Sílvia, a janela de observação é entre outubro e dezembro. E, nesse caso, dá para saber o momento e a quantidade das chuvas. Se as abelhas produzirem mel mais para o fim do ano, é porque a chuva vai cair mais tardiamente. Se for mais para perto de outubro, a chuva é mais cedo. Da mesma forma, muito mel é sinônimo de muita chuva e pouco mel é sinônimo de pouca chuva.


				
					Profetas das chuvas: 12 técnicas para saber se vai chover no Sertão
O céu do Sertão: resposta sobre chove pode estar inclusive nas abelhas. O céu do Sertão: resposta sobre chove pode estar inclusive nas abelhas

Lua crescente

O profeta da chuva Basílio Pordeus, que tem 61 anos e é de Sousa, tem especial predileção na análise dos astros. E diz que a chegada do ano novo em lua nova ou lua crescente é bom sinal para o período de chuva que se inicia e que se prolonga de janeiro a junho. Ao contrário, lua minguante nos primeiros dias de janeiro é sinal de um inverno ruim.

Vênus ao norte

Agricultor em Sousa, Basílio Pordeus destaca que em sua cidade o planeta Vênus é comumente visto ao sul do céu, mas que isso muda em momentos esporádicos. Pois, de acordo com suas experiências, conseguir avistar Vênus ao norte é sinônimo quase automático de boas chuvas. Hora de plantar e de aproveitar uma boa colheita.


				
					Profetas das chuvas: 12 técnicas para saber se vai chover no Sertão
Basílio Pordeus, agricultor de Sousa de 61 anos. Basílio Pordeus, agricultor de Sousa de 61 anos

Avistar o cruzeirinho

Outra previsão possível a partir dos sinais dos astros é a que diz respeito ao que Basílio Pordeus chama de “cruzeirinho”. Antes de prosseguir, no entanto, uma breve explicação. Poucas pessoas sabem, mas existem dois cruzeiros do sul nos céus, mas apenas um, o mais "famoso", é cotidianamente possível de ser visto a olho nu.

Um cruzeiro do sul bem menor – e daí o apelido “cruzeirinho” dado por Basílio –, só pode ser visto a olho nu muito de vez em quando. E, quando isso acontece, é sinal de chuva. “Se você conseguir ver o cruzeirinho às nove da noite, significa que as chuvas estão encaixadas. Vai chover”, ensina.

Pedra suada

Irmão mais novo de Basílio, o também agricultor João Pordeus ensina outra técnica. Ele destaca que, pouco antes de chuvas fortes, a terra do Sertão paraibano costuma sugar a água existente na superfície das redondezas e que nem sempre são visíveis pelo ser humano. A técnica, portanto, é observar a parte de baixo das pedras. Se elas estiverem suadas, é sinal de chuva em breve.

Floração do mandacaru

Tradicional vegetação do Sertão da Paraíba, o mandacaru é uma espécie de cacto que pode alcançar tamanhos incríveis. E, de tempos em tempos, existe a sua floração. Pois João Pordeus garante: “O mandacaru florou, vai chover em três dias”.


				
					Profetas das chuvas: 12 técnicas para saber se vai chover no Sertão
Mandacaru florado é sinônimo de chuva em três dias. Mandacaru florado é sinônimo de chuva em três dias

Cupim gordo

Outra observação mais imediata é com relação ao cupim, pequeno animal que vive nas árvores e que depende de um tempo seco para poder se alimentar. Isso significa que, sempre que ele engorda demais, é sinal de que ele prevê chegada de chuva e que está guardando nutrientes para o período chuvoso que está por vir.

João destaca, portanto, que cupim gordo e robusto é sinal de chuva. Quando ele cria asas, a chuva cai oito dias depois. “Ele cria asas oito dias antes da chuva, mas só voa no dia da chuva”, explica.

Biratanha

A biratanha é uma planta do Sertão que, quando põe frutos no mês de outubro, prenuncia o inverno no ano seguinte. “Quando ela bota quatro frutos, já está bom, vem chuva”, explica João.


				
					Profetas das chuvas: 12 técnicas para saber se vai chover no Sertão
Zona rural de Catolé do Rocha, no Sertão da Paraíba. Zona rural de Catolé do Rocha, no Sertão da Paraíba
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Phelipe Caldas

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